Poético - Amor e Idiotices Shakesperianas!




AMOR E IDIOTICES SHAKESPERIANAS!

Seu Vieira depois da morte de Dona Lucinda nunca mais sorriu! Desde os tempos de menino, ela tinha sido o amor de sua vida. Mais que os oito filhos e os quatorze netos. Ele ficava lá, aposentado, sentado na varanda, sendo assistido pelo dia que passava. A morte do seu amor, do seu único amor, era como um câncer que lhe corroía as vísceras do viver.

Ele não sorria mesmo! Nem sob a motivação dos filhos ou a peraltice dos netos mais novos. E foi isso, e não outra coisa, que lhe garantiu uma vaga fixa no leito de uma UTI. E lá, tudo só fez piorar. Certo dia, o médico mandou chamar toda a família: estava na hora da sua passagem!

Quando os filhos e netos mais velhos chegaram, ele ainda mantinha os olhos abertos, mas eles pareciam exaustos em se manter assim. Os filhos, dos mais velhos aos mais novos se exprimiam para estar mais perto dele. As filhas choravam e os homens se distraíam consolando as crianças.

E de repente, com a cabeça caída para o lado, ele sorriu, espantosamente, como nunca o fizera nos últimos dez anos. Parecia ser um milagre, um presságio, mas na verdade, era o rosto de seu amor, bem desenhada no braço de seu neto. Ele viu, sorriu e então morreu.

E assim é o mundo! Cheio de coisas, que como uma tatuagem, não valem para nada, mas que guardam certo poder de fazer alguém feliz.




Ney Gomes. 30 de Julho de 2018.
“Teólogos escrevem sobre Deus. Mas quanto aos poetas, só Deus sabe


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