C. de Eliseu - Nomeados e Promovidos a Filhos [penúltimo comentário].




Comentário 17.

NOMEADOS E PROMOVIDOS A FILHOS.

 

"Deixa-me dar um beijo de despedida em meu pai e minha mãe", disse, "e então irei contigo".

 

 (I Rs 19. 20 ).

 

Filhos nem sempre são bons servos, mas quase em geral, servos dão bons filhos (Gn 15. 4). E a História Bíblica demonstra isso, como uma espécie de evolução espiritual. O homem com a natureza caída se torna servo e de servo se torna filho. Uma transformação que leva a marca da perfeição, por que é divina: "Moisés foi fiel como servo em toda a casa de Deus, dando testemunho do que haveria de ser dito no futuro, mas Cristo é fiel como Filho sobre a casa de Deus; e esta casa somos nós, se é que nos apegamos firmemente à confiança e à esperança da qual nos gloriamos". (Hb 3. 3-5)

 

Eliseu foi muito mais que um servo dedicado para Deus e Elias, ele foi um filho; aquele que se sentia de todos, o mais responsável, que não perdia os irmãos mais novos de vista (II Rs 6. 1-3). Como irmão mais velho era conhecedor do caminho mais curto ao coração do Pai. Enquanto juntos, se sentiu depende de Elias como um filho depende do Pai para ensaiar suas primeiras e inseguras pedaladas de bicicleta. Mas na hora de se desligar mostrou capacidade de se tornar independente, como alguém que sabe o que quer (Dt 21. 17/II Rs 2. 9/Ap 21. 7). De certo Elias nesse papel de pai se sentiu seguro de deixar o filho sozinho para um mundo cheio de novos desafios e predadores (digo em respeito à ignorância espiritual de Israel).


Alguns pais não conseguiram tornar seus filhos em filhos espirituais, capazes de herdar a promessa espiritual para sua família. Para exemplificar isso, podemos citar Moisés e seus filhos, Eli, Samuel e alguns outros, que não conseguiram segundo o ditado popular, transformar seus filhos em "peixinhos". Ter em si muita vida divina não é ser um deus em escala menor. Com direitos de decidir os caminhos divinos a serem trilhados pelo povo. Essa sempre foi e sempre será uma decisão de Deus: "Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus" ( Jo 1. 12, 13 - Grifo meu).


Não foi difícil para Eliseu encarnar esse papel na vida de Elias, pois ele mesmo era um bom filho (Ex 20. 12). Ser filho tornava o divino de Eliseu em humano, em algo fácil de ser traduzido por aqueles que encaravam sua vida e palavras como um manuscrito vivo. Essa transformação de divino em humano acontece com o próprio Deus mais à frente (II Cor 5. 18-21). Há essa altura dos acontecimentos, deveríamos perceber que nada é mais espiritual do que se tornar em um autêntico filho. Para um Deus que nesses dias se revelou como um Pai, nada mais natural que seus seguidores sejam seus filhos, que compartilhem de Sua natureza e bens (II Cor 6. 18/Efé 1. 3-5/Hb 1. 1-3). Os homens para sua própria segurança fazem segredo quanto aos planos futuros, e isso é até sensato. Mas Deus não tem essa, falo de ocultar planos futuros, nem nenhuma outra preocupação, pois ninguém pode frustrá-lO (Jó 42. 2/Is 45. 1 e 55. 11/Gn 3. 15). Além do mais, o segredo faz parte do relacionamento entre estranhos, mas nunca entre amigos e principalmente entre pais e filhos (Am 3. 7/Jo 15. 15/II Pe 5. 13).


 

Isso é importante por que esclarece a verdade de que o poder que exercemos em nosso ministério emana da escolha soberana de Deus por nós (I Cor 15. 10/Gl 2. 8). Paulo, apesar de ser, se esforçou para não ficar rotulado com um homem intelectual, inteligente e sagaz (I Cor 2. 1-5), ele e Eliseu se tornaram capazes de desempenhar bem seus ministérios, somente porque Deus os escolheu (Sl 78. 70, 72/ Gl 1. 15, 16). Se o poder reside na escolha divina, o que representa então ser perfilhado por Deus? Ser filho na economia divina, e isso digo aos novos apóstolos, é ser o máximo que um homem pode alcançar, e isso já nos foi concedido: "Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: sermos chamados filhos de Deus, o que de fato somos!" (I Jo 3. 1). Eliseu foi um profeta poderoso em obras e palavras, tal como Jesus (Lc 24. 19), por que foi também um filho poderoso em obediência, submissão e renuncia a si mesmo (Fil 2. 5-11). Sem a necessidade de buscar seus próprios interesses Eliseu se dedicou integralmente ao coração do Pai (II Rs 2. 1-14 - Nessa passagem em particular Eliseu segue Elias, pela ausência de causas e interesses pessoais – Fil 2. 19-22/Lc 9. 23). O adágio popular é verdadeiro: "Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos há serem o que há de melhor entre os capacitados".


Fica claro que se cultivarmos valores como os de Eliseu, conseguiremos ter um coração igual ao dele e sermos o que ele sempre foi a todo o tempo; um bom filho!

 

Ney Gomes.
                "Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo."
 1 Timóteo 4.10

 


 

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