Ilustrações - O Segredo de Laura.
O SEGREDO DE LAURA.
Curiosamente e
sem explicação, na cidade de Laura só havia mulheres e ninguém sabia sequer explicar
como nasciam as crianças!
Como era de se
esperar, a cidade era bonita, com muitos canteiros repletos de flores. As ruas
sempre limpas e organizadas. E um odor agradável vinha de todo lugar por onde o
vento corria. No entanto, certos tons de cinza estavam presentes em todos os
olhares, indicando que apesar de tudo, algo faltava ou estava fora do lugar.
Menos em Laura.
Seu sorriso era tão brilhante quanto à cor de seus olhos. Ele estava sempre
alegre e falava com todas as suas amigas sempre com muito ânimo. A cidade de
Laura era um mistério; ninguém sabia ao certo como chegar lá ou de lá sair. As
mulheres sempre diziam: “Ao sul daqui e ao norte de lugar algum. É onde
estamos”.
Às vezes, nos
fins de semana, quando as mulheres se encontravam para se divertirem juntas,
Laura dava um jeito de sair sem ser vista. Ela então cuidadosamente entrava por
uma mata atrás da cidade e andava, andava e andava. Como uma nordestina em
busca de água ela andava. Andava até chegar aos pés de uma serra, e dali ela
subia, subia e subia. Ela subia tanto, que lá de cima, ela via a cidade que
havia deixado para trás; bem pequenininha. Depois, ela descia e descer fazia
parte do melhor de tudo. Ela ainda andava mais um pouco, mas, se a gente
juntasse tudo o que ela andava, dava quase meio dia de caminhada. E isso, por
que ela andava sempre rápido!
Então, depois de
andar, subir, descer e andar, ela finalmente chegava. Era uma movimentada
rodovia federal, por onde grandes caminhões trafegavam vindos e indo para todo
lugar. Laura parava perto da rodovia e se deliciava com as buzinadas que
recebia. Alguns reduziam a velocidade para olhar bem. Laura era uma mulher
bonita e seus cabelos negros brilhavam como coisa bem tratada. Ali, na beira da
rodovia, Laura era exuberante! Quando ela estava naqueles dias mais animados,
deixava até que algum motorista mais engraçadinho lhe falasse algum gracejo
mais bobo. Mas só isso, e nada mais!
Depois de tudo,
de algumas horas, algumas buzinadas e assobios, ela retornava para casa, para
sua cidade, para suas coisas. Ela estava bem certa que ninguém conhecia aquela
trilha, aquele caminho, ou sabia da existência daquela rodovia distante. E por
isso Laura era feliz. Daí a razão de seu brilho e sua alegria, de sua
distinção!
Ali
na beira da rodovia Laura se descobriu, se achou. E nisso consiste a verdadeira
felicidade: “No conhecer o que somos”. Não importa se sozinhos ou conduzidos;
se na beira da estrada ou dentro da igreja. O que importa é que descubramos
o que verdadeiramente somos. “Criou Deus o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. (Gn 1. 27).
E
um só encontra o que é pelo outro!
Ney Gomes. 01/09/12
"Teólogos
escrevem sobre Deus. Mas quanto aos poetas, só Deus sabe!"
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