EVANGELHO EMOCIONAL - PEDRO.
EVANGELHO EMOCIONAL
FÉ É NUNCA SABER O BASTANTE.
"Vou pescar", disse-lhes Simão Pedro. E eles disseram: "Nós vamos com você"...
(Joao 21. 3ª – NVI).
O mar calmo e a brisa suave serviam de palco para mais um esplendido espetáculo do sol poente. Mas, os discípulos sentados na areia da praia não conseguiam receber a mensagem de tão grandioso acontecimento. Promessas quebradas, Judas morto, amigos dispersos e uma hostilidade enorme, deixavam todos muito perturbados em seus corações e ânimos.
Jesus por duas vezes depois de ressuscitar apareceu a eles, todavia, suas aparições não eram agendadas e se acrescentava há isso, o fato de que talvez aquela tivesse sido a última. Ninguém tinha respostas e os temores e incertezas advindas disso viajavam velozmente pelo tempo que a mente produz: O que será de nós daqui a alguns dias? Semanas? Meses? Anos?
Quando eles olhavam uns para os outros, só enxergavam monstros traidores ainda insaciáveis. Sem respostas, logo começariam a se acusar mutuamente. E seria necessário muito pouco, para um destempero qualquer levar a uma agressão física (Mc 14. 47). Não havia muito para ser feito, senão confiar e acreditar que algo certamente iria acontecer. Mas, ficar parado não ajudaria o coração deles na busca em que ingressaram para compreender o que aconteceu. Pedro então decide ir pescar e os demais discípulos decidem estar com ele. Com o peso das mentes ocupadas pensamento algum iria muito longe. Naquela noite, apesar de experientes, nada pegaram; e nem era esse o objetivo deles. Estavam ali para manter a mente ocupada, e além do mais, aquela não era mais a praia deles.
Aprendi na minha formação eclesiástica que um tolo só faz tolices. Mas, uma tolice não faz um tolo. E indubitavelmente Pedro não era um tolo. Não podemos julgá-lo por se desconhecer na escuridão palpável (Ex 10. 21) daquela noite em que traiu Jesus. Se deixarmos de lado o que passou e pensar em Pedro como um todo (assim como nos revela os Evangelhos), perceberemos de imediato que ele não desistiu da fé ou se desviou de seu chamado, como anuncia a teologia hereditária clássica. Se Pedro desistiu de alguma coisa, foi de deixar a mente ao alcance de qualquer imaginação. E levando em grande consideração a gravidade dos acontecimentos anteriores aquele momento, pode-se por assim dizer, que ninguém teria pensamentos bonitos e felizes. Pedro era um homem de atitudes positivas e quando não as tinha, procurava obtê-las (Mt 18. 21). E não seria diferente naquele dia que se findava. Pedro os levou para apanhar peixes, pois assim eles não seriam apanhados como o foi Judas pela rede de satanás. Teria sido assim como espigas de milho, figos, batatas ou qualquer outra coisa. Mas, Pedro era pescador, tinha um barco e só entendia de mar. E além do mais, já era noite. Pedro talvez tenha se lembrado dos momentos em que Jesus os levara para o barco, tendo a intenção de lhes proteger do esgotamento físico e psicológico. Se foi assim, ele agiu como um pastor; como o Seu pastor. Levando o seu incompleto quadro de amigos para longe do perigo que os rondava. A Bíblia não acontece sobre enganos; Pedro errou. Errou, mas era dono se um desejo sem igual de fazer o que é certo. Deus nunca esperou que os homens fossem perfeitos, alias, ele mandou seu Filho não para nos fazer perfeitos, mas, para vivermos em perfeição (I Cor 11. 1/Fil 3. 12). Ser perfeito é se deixar conduzir pelos pensamentos de Deus (Mt 5. 48). Quando somos mais novos, queremos servir a Deus de nossa maneira. Embutindo em nossos velhos valores alguns conceitos divinos (Mt 9. 14- 17). Pedro fez isso por um tempo, mas, a profecia de Jesus de forma indireta indica que Pedro aprenderia o significado de viver em perfeição: "Quando você era mais jovem, vestia-se e ia para onde queria; mas quando for velho, estenderá as mãos e outra pessoa o vestirá e o levará para onde você não deseja ir" (v. 18).
Quando o tempo passa, aprendemos que Deus tem Sua maneira de fazer as coisas, que a forma de se vestir indica uma missão (submissão) e que o lugar apropriado para estar é aquele sobre o qual Deus deseja revelar Seu amor (At 11. 1- 18). E ainda há muitas coisas a se aprender, mas, essas descobriremos ao longo do caminho; seguindo-O.
Ney – Janeiro de 2009.
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