Ilustrações - ISSO NÃO É REINO DE DEUS!
DEPOIS DE PASÁRGADA VEM AS TERRAS DE MATAIOTES.
(Sob governo morto – Ap 3. 1c).
Num lugar muito, muito distante daqui existia um reino com muitas províncias, e governado por um homem cujo a fama era a de ser um homem bom. Mas, os governadores de suas províncias não gozavam da mesma fama que seu soberano. Alguns, eram apenas despreparados, outros porém eram maus de natureza e ganância.
Uma vez por semana, os moradores daquele reino distante podiam falar com o rei numa audiência pública. Ele ouvia a todos com carinho e máxima atenção. Pegava os pequenos súditos no colo e de não sei onde saía um doce que sempre capturava o melhor sorriso de todos. Sentado em seu trono, e cercado por seus conselheiros ouvia as mulheres como mães e irmãs, e aos homens tratava-os sempre como a iguais. Ah sim! Ouvia as queixas também. Sempre frequentes em todas as audiências. Relatos de abusos de poder, favorecimentos duvidosos, inclinação acentuada aos poderosos (entenda-se curvar a cabeça) e tirânia em suas mais abomináveis formas. O bom rei ouvia a tudo com um ar de surpresa, pois apesar de constantes, as queixas pareciam sempre piorar. Tremendamente comovido ele abria as portas do cofre real e restituía o que havia sido roubado. Certa vez, com a ousadia de sua bondade tirou parte de suas vestes e cobriu o pobre homem que chorando amargamente contou como havia sido lesado por seus governantes locais.
No fim da tarde, as estradas que levavam para as terras mais distantes do reino, estavam repletas de pessoas alegres e justiçadas. Felizes por ter um bom rei. Tamanha alegria as fazia até mesmo esquecer que estavam voltando para suas vilas, suas casas. Em um desses dias em que as histórias de opressão chegavam ao absurdo, um copeiro do rei, testemunha de tudo o que ali se falava, humildemente se dirige ao rei e pergunta: — Meu bom rei, permita-me lhe fazer uma pergunta?
O bom rei lhe acenou com a cabeça positivamente e ele seguiu: — Meu rei, sei que és um homem bom, e que desejas o melhor para teu povo. E esse mesmo povo te ama e sabe que pode contar sempre com sua atenção e piedade.
O bom rei balançou a cabeça reconhecendo suas palavras e ele continuou: — Vejo que este povo sofrido tem o mesmo mal para enfrentar todos os dias. Não lhes falta alimento; os rios em teu reino são volumosos; os homens valentes e as mulheres sadias donas de casa. Todavia, os líderes das províncias são como gafanhotos de ferro. Consomem a alma e os frutos desse teu belo povo. Não seria o caso, ó rei! De tirar de tais homens a autoridade e confiança neles investidas. Peço meu senhor que desde já perdoe a loucura de minha dúvida. Mas, por quê tais homens ainda perpetuam no poder?
O bom rei se aproximou dele, olhou para os lados e não vendo ninguém por perto lhe confessou: — De que outra forma saberão todos que sou bom, se os homens que escolho para governar são melhores do que eu?
Ney Gomes – 27/Abril/2009.
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