PERFIL DE TRÊS REIS.



PERFIL DE TRÊS REIS.
(A lança, o coração e a toalha)

"Saul estava com uma lança na mão e a atirou, dizendo: "Encravarei Davi na parede". Mas Davi desviou-se duas vezes. (...) Saul tentou encravá-lo na parede com sua lança, mas Davi desviou-se e a lança encravou na parede. E Davi conseguiu escapar. Naquela mesma noite. (...) Então Saul atirou sua lança contra Jônatas para matá-lo. E assim Jônatas viu que seu pai estava mesmo decidido a matar Davi. (...) Saul estava sentado, com a lança na mão, debaixo da tamargueira, na colina de Gibeá, com todos os seus oficiais ao redor (...) Saul estava dormindo, e tinha fincado sua lança no chão, perto da cabeça. Abner e os soldados estavam deitados à sua volta. (...) Davi apanhou a lança e o jarro que estavam perto da cabeça de Saul, e eles foram embora. Ninguém os viu, ninguém percebeu nada e ninguém acordou. (...) Onde estão a lança e o jarro de água do rei, que estavam perto da cabeça dele? (...) Respondeu Davi: "Aqui está a lança do rei. "Venha um de seus servos pegá-la".

(Trechos selecionados de I Samuel – Grifo meu - NVI).

O jovem respondeu: "Cheguei por acaso ao monte Gilboa, e lá estava Saul, apoiado em sua lança..."
                                   
(II Sm 1. 6 – NVI).


Diz a crença popular que quando se está à beira da morte, a vida toda passa diante de nossos olhos em poucos segundos. Se for assim, acredito que Saul lembrou de Davi; pessoa que ocupou por muitos anos a sua mente. Sobre a lança em que se apoiava enquanto o sangue escorria, pensou que um dia sua vida pudesse ser diferente. Nessa altura dos acontecimentos, os demônios que lhe atormentavam já haviam partido. E sobre a luz de sua total lucidez viu as tolices que fez com aquela lança. No dia que tentou matar Davi, encravando-o na parede, Saul só conseguiu lhe apontar uma direção a seguir. Ali Davi entendeu que era chegada à hora de não mais dividir com o rei o nobre endereço. Entretanto a mudança para o subúrbio forneceria a Davi a experiência única de ser mais humano. 
            Não somos seres humanos apenas por nascer de mulher; por que a constituição nos garante tal privilégio. Seres humanos são concebidos nos lugares onde a afetividade produz solidariedade. Se tornarmos-nos naquilo que é o desejo de Deus, não seremos mais divinos; seremos mais humanos (I Jo 1. 1, 2). Por que Deus não habita em deuses, mas, em homens (At 12. 21- 23/Col 1. 19/2. 9). Deus se afastou de Saul por que ele tinha se tornado numa divindade absoluta (Pv. 25. 27). E Salomão expressa bem em suas palavras o tipo de rei que Deus rejeita e que Saul bem encarnou: "O rei faz o que bem quer e entende". (Ec 8. 2). Saul governou divinamente, sendo divino o único adjetivo de seu reinado. Davi, porém, agregou outros valores ao seu governo também divino. Sua liderança foi marcada por amizades, lealdade, atos de bondade, misericórdia e compaixão (Pv 20. 28). Se Saul fez de sua lança o símbolo de seu governo, Davi ficou conhecido por seu coração e sensibilidade.
            Jesus acusou a nobreza religiosa de seu tempo de jamais ter exercido misericórdia ou algo semelhante (Mt 9. 12/cap. 23). Eram líderes divinos demais para se compadecer das necessidades alheias. Como Saul, eles se afastavam da pobreza, dos endividados, dos descontentes e dos que nada tinham a oferecer (I Sm 22. 3). Jesus em sua encarnação se tornou num monarca ainda mais divino. Por que não temos um rei que não possa se compadecer de nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele se fez semelhante a nós, e sendo tentado de muitas e inúmeras formas, jamais cometeu pecado algum. Por isso, por ter se tornado homem, é que pode nos socorrer em momento de dificuldade. Bastando-nos somente para isso, nos achegarmos com confiança ao Seu gracioso trono (Hb 4. 14, 16).
            Informalmente Davi já era rei quando poupou a vida de Saul pela segunda vez (I Sm 26. 7- 11). E esse episódio nos demonstra claramente que a humanidade dentro de Davi estava bem viva ainda, como no início.
Pois não é a homens que por ventura está escrito: "Aquilo que desejam que vos seja feito, fazei vós aos outros". (Mt 7. 12). A divindade nunca se harmoniza com a humanidade. Pode demorar um tempo ou não, mas, a verdade é que uma vez que ela domina a humanidade, ela a destrói. Quão difícil é para qualquer rei e sacerdote se manter humano, e humano até o fim. E para não fugir muito do texto podemos citar além de Saul o caso de Eli. Ambos com a humanidade totalmente morta pelo apego à divindade (I Tm 6. 10). Tiago em sua carta não deixa de nos alertar para essa verdade tão importante para a saúde perfeita de um líder (3. 1 – Ler nota de roda pé da BKJ/ I Pe 5. 3).
            Davi lutou bravamente por toda a vida contra os males terríveis da divindade (II Sm 12. 13). Mas, em seus últimos dias foi vencida por ela. Todavia, já era tarde demais para seus efeitos provocarem maiores estragos (I Rs 2. 1- 9). Só o rei Jesus se manteve humano até o fim (Fl 2. 8/Ap 3. 21), e por conta disso, recebeu o mais importante lugar de destaque e um NOME que está acima de todo nome [compare I Rs 2. 1- 9 com Luc 23. 34]. De sua íntegra humanidade nos é dada eterna salvação, pois Ele mesmo se tornou em Sua origem (Hb 5. 7- 10).
            Vale a pena pensar bem em Jesus, que sendo Deus se fez homem. Suportando sobre sua decisão a forte oposição dos pecadores (Hb 12. 3). Para que chegasse até nós o desejo do Pai; de vivermos a vida com abundância (Jo 10. 10). Portanto irmãos celebrem a sua humanidade na liberdade com que Cristo nos libertou. Pois o diabo, nosso adversário, não começou ontem suas tentativas de convencer os homens a serem divinos; pequenos deuses debaixo do sol (Gênesis 3. 4, 5).

Ney Gomes – 18 de Julho de 2009.






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