ANTIOQUIA, meu sonho de igreja [FINAL].


 

ANTIOQUIA, que mudança em mim!!!

 

O que se falava de Saulo estava à altura do que foi realizado pelos piores inimigos de Jesus (9. 13). Todavia, o que ele dizia ter sofrido em virtude de seu encontro com o Mestre estava também de acordo com tudo o que Fez e que se pode esperar Dele (Mc 7. 37).


Essa sentença me faz lembrar da primeira queixa que fiz ao meu pastor [Samuel] sobre alguns irmãos que insistiam em fazer um grupo fechado [panelinha]. Ele me ouviu sem, contudo aceitar minha reclamação. Olhou nos meus olhos e disse: "Meu filho, quando você encontrar um grupinho entre dentro dele". Tempos depois estava eu lá novamente me queixando de um outro irmão que insistia em não falar comigo direito. Ele me disse: "Quando alguém não abraçar você, vá lá e abrace essa pessoa". Não foram conselhos evasivos. Ouvir isso foi determinante para o estilo de vida que criei para mim. Passei a ser uma pessoa ativa e não passiva. Eu sempre infringia a ação, poucas vezes sofria ela.


Assim era Barnabé. Sempre decidido por tomar a melhor atitude e no caso citado acima, ignorou a fama de Saulo e abraçou aquilo que ele poderia se tornar (9. 26- 30). Barnabé conseguia reconhecer as ações de uma vida transformada e Saulo se harmonizava não só com um legítimo novo nascimento, mas, também com o melhor do dia de pentecostes. Além do mais, as perseguições desde cedo se mostravam dignas das sofridas pelos mais atuantes Apóstolos (At 12. 2, 3). Barnabé olhou para Saulo com os mesmos olhos de Priscila e Áquila para Apolo (18. 26). Aquele homem poderia fazer tanta coisa se fosse bem instruído no Caminho, se alguém lhe apresentasse mais pontualmente o Reino de Deus. Barnabé então corajosamente toma Saulo pelos braços e o leva até o lugar de transformação: A Igreja!


Depois de ver os Apóstolos, Barnabé e Saulo foram medir a cidade, e entrando e saindo com toda liberdade pregavam ser Jesus o Cristo de Deus. Barnabé não teve dificuldades em ensinar a Saulo o valor das coisas que se movimentam. E a verdade de que não podemos fazer tudo sozinhos (Rm 16. 3, 4). O melhor está na coletividade; num fluxo constante de amor e cuidado mútuos.  Ensinamos ali, aprendemos aqui, estamos sempre entrando e saindo, dando e recebendo, falando e ouvindo. Ora em meio aos lobos ferozes, ora em meio aos cordeiros fiéis.


Saulo desde criança tinha forte ideia disso. Pois as agulhas, usadas para costurar as tendas, com tais movimentos sustentaram a sua família e suas andanças. Barnabé tinha esse e muitos outros pensamentos sobre o que é igreja. Usou todos quando foi para ANTIOQUIA encorajar os irmãos. E ainda hoje é assim, fazemos igreja daquilo que temos em nossos corações. ANTIOQUIA sempre existiu no coração do Apóstolo Barnabé e se queres saber a verdade, essa é a melhor igreja; a igreja do coração, dos sonhos.


Alguns homens resolveram viver da Obra de Deus e em vista disso abriram muitas igrejas para segurança e manutenção de seus estilos [caríssimos] de vida. E há séculos isso tem sido uma tragédia para o Cristianismo e para milhares de pessoas, esmagadas dentro do lugar que vieram buscar alívio. Mas, nesses últimos dias isso tem sido uma constante feroz sobre nossas vidas. Abrem-se igrejas por qualquer motivo e razão. Quase não há mais quem se submeta, quem espere, quem queira ouvir. Jesus está voltando e todos têm pressa em se resolverem antes disso. Jesus não era a favor da pobreza; então que venha o LUXO e saia o LIXO! Amém!


Saulo se tornou exatamente em tudo aquilo que se esperava do poder de Jesus. Mas, tudo o que ele representava naquele momento era inútil para a igreja de Jerusalém. O que queriam era um tempo de paz e a presença do recém descoberto Apóstolo causava certo desconforto aos seus planos [Mas, ninguém avisou Herodes do desejo deles – 12. 1- 3]. Eles queriam sossego e isso Saulo não poderia lhes oferecer (v. 31). Existe sim a possibilidade de sermos em algum tempo e para algumas igrejas, inúteis. Isso pode acontecer quando demonstramos amar valores que não são cultivados pela liderança e maioria da congregação (3 Jo 9, 10). Se tivermos um chamado que ninguém sabe como ativar. Se tivermos a mente aberta para pensamentos que a maioria ainda acha ser dogmática, irretocável. Quando temos um problema que trás fealdade para a igreja. Quando a velocidade de nosso serviço não é acompanhada pela capacidade de sonhar de certos pastores e líderes [???]. E às vezes, nos sentimos inúteis por que nosso serviço representa mesmo à verdadeira contracultura que é o Cristianismo idealizado por Jesus (Mateus, Caps. 5 ao 7). Para uma liderança sem imaginação divinamente tratada. E quando acreditamos ser insubstituíveis.


A igreja HOJE está cheia de inúteis talentosos com os quais não sabe o que fazer e onde os colocar. Aí, se abriu a temporada de caça a todos eles. Melhor é dois desinteressados dizimistas fieis do que um inútil interessado e cheio de fé. Apesar de naquele momento representar pouco, ainda sim, Saulo era muito para Jerusalém. Acredite. Estar num lugar e ser inútil dói na alma e no coração e se essa hora chega sem ser percebida, o resultado é muita angústia e vazio. Faltam-nos em excesso homens como Barnabé, que saibam quando tirar ou colocar alguém em determinada igreja ou ministério. E minha geração têm sido testemunha das coisas que disso resultam. Paulo sabia onde era útil e por quanto tempo era útil em um lugar. Ele movia seus discípulos à medida da utilidade e do aprendizado (II Tm 4. 11). E quanto a isso, devemos nos curvar a Barnabé, pois ao constatar que não era mais útil ao lado de Saulo, o deixou a tempo de ele se tornar no homem que tanto admiramos. Hoje há muito abandono e deixar, mas, nada que nos faça crescer e encontrar o nosso caminho. Quantos bebês espirituais jogados nas lixeiras e beiras de rios; bueiros abertos e cantos de ruas. Homens e mulheres que jamais serão como Barnabé ou Paulo. Por causa de interesses nada piedosos muitos irmãos tem se tornado em inúteis para a igreja. Se esses interesses permanecerem, a igreja é que se tornará num lugar inútil para os irmãos.


Existiu um homem que não tinha medo e não tinha dinheiro. Tudo o que ele queria ele tomava, roubava, furtava. Se era bonito e tinha valor, por quê não ser seu. Ele era mal e nunca se dobrou a homem algum na face da terra. Esse homem de belial se encontrou ao lado de Jesus no monte da caveira. Já tinha ouvido falar do tal profeta da Galileia, que falava palavras de amor e que era odiado pelos principais lideres de Israel. Esse homem foi transformado por Jesus. Aquele encontro revelou todo o poder que Jesus destinará a igreja. Uma mudança tão grande quanto à sofrida por Saulo no caminho para Damasco.


A igreja de Barnabé (ANTIOQUIA) transformava ladrões que se apossavam de tudo o que desejavam em homens que aprenderam a pedir "por favor". Transformou o apedrejador no que mais suportou as pedras (14. 19, 20). Igreja é coisa para mudar a vida das pessoas. Mas, como mudar sem Cruz? Sem Cruz não se muda nada como se é preciso (Lc 9. 23). Hoje alugamos uma loja grande, fazemos uma reunião e lavramos uma ATA. Confeccionamos um estatuto e chamamos isso de igreja, cujo significado é: Eu mando, você psiuuu!


Quando Barnabé viu Saulo soube de imediato que precisaria ser o exemplo pessoal dele (I Cor 11. 1). Andar com ele, lhe ouvir, lhe proteger, ser seu guia e orientador. Estava determinado a ser melhor (Mt 5. 20) que Gamaliel (22. 3) e ganhar assim a admiração de Saulo. Fez isso por entender que a igreja deve ser mais que qualquer instituição humana. Deu certo. Saulo jamais se apartou do que aprendeu com ele e ele mesmo foi também o exemplo dos fieis (Fil 3. 17). Doutrina que não só viveu como ensinou (I Tm 5. 12 e refs). Nunca existiu e jamais existirá Cristianismo autentico sem modelos aparentes (Tt 2. 7). Hoje muitos fogem da responsabilidade de serem líderes nos padrões bíblicos. Então enchem a igreja de técnicas e festas com a finalidade de atrair pessoas. E ainda dizem que isso é a estratégia do Espírito para esses dias. Pobre Espírito! Quem Te viu em Atos quem Te vê!


Enquanto isso, os ladrões continuam ladrões e os inúteis continuam inúteis. Apesar do aparente crescimento a igreja Brasileira está fragmentada e desorientada. Os pastores apascentam uns aos outros e o povo tenta cuidar de si mesmo. Afinal, ovelha gera ovelha! Não é por acaso que em passado recente os profetas do Senhor anunciaram que nessa undécima hora, o serviço [poder] estaria com os leigos. Hoje você encontra uma igreja verdadeira na reunião das fábricas, nas plataformas de petróleo na hora do café da manhã, nos escritórios ao fim de tarde. E ali, no depósito atrás do supermercado Jesus se mostra lindo para a igreja que busca Seu nome. Existe uma igreja verdadeira ainda para se seguir. Jesus é o Seu líder pessoal. São pessoas que se reúnem em qualquer lugar com qualquer irmão que professe fé semelhante. Não ligam para rótulos denominacionais e segmentais. Só querem adorar Jesus e já descobriram que é preciso estar com mais irmãos para tal coisa ser verdadeira. E isso, não seria por ventura a melhor definição de igreja? Não sei precisar a que velocidade, mas, sei que estamos destruindo a natureza visível (II Tm 2. 19) da igreja de nossos tempos. E sem referencial só há caos e incredulidade (Mt 24. 12). Vindo depois disso o inferno e a perdição de todos os homens.


Os irmãos em Jerusalém mandaram Saulo para casa temendo que sua morte atraísse mais perseguição e dispersão (11. 19ª). Barnabé seguiu seu ministério na mesma fé (Cl 2. 6) com que começou e esse comportamento seria decisivo para o estilo de Cristandade implantado em ANTIOQUIA. Depois de alguns anos em meio ao ardor da obra lembrou em seu terno coração de Saulo e sem temer partiu para Tarso, cidade não tão distante dali. Se sua ideia de igreja estivesse correta, Saulo ainda estaria lá, entre seus familiares (1. 8). Barnabé sabia que o amor de Deus se move em horizontal e que busca sempre alguém por onde se manifestar (Sl 101. 6). Não é em atitudes verticais que provamos amar a Deus e sim nas horizontais (9. 39/I Jo 4. 20, 21).


Barnabé [entre tantos outros] amou Saulo; Saulo [entre tantos outros] amou Timóteo e disse para ele encontrar homens em quem pudesse depositar o amor que receberá (II Tm 2. 1, 2). Assim a igreja caminhou e eu não sei por que hoje tem de ser tão diferente?

E com tal dúvida termino esse texto.

 

 Ney Gomes, Cabo Frio – 2009.

Ecclesia reformata, sed semper reformanda.

 


 

 




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