IGREJA, COISA DE GENTE!

 

"Então, os Doze reuniram todos os discípulos e propuseram: "Não é sensato negligenciarmos o ministério da Palavra de Deus, a fim de servir às mesas".

(At 6. 2 – KJA).

            Os Apóstolos eram bem conscientes da sua missão de gerir pessoas. E podiam dizer que faziam isso com brilhantismo, pois haviam passado pelas mãos Daquele que melhor conhece os homens (Jo 2. 25).

            No entanto, diante do êxito de gerenciar pessoas, não era mais possível ignorar os problemas com o resultado disso. A engrenagem da comunhão sofria cada vez mais pressões, à medida que a igreja crescia em número. Um contingente cada vez maior usufruía de seus benefícios, muitas vezes sem uma manutenção adequada. Não demoraria muito para essa grande máquina espiritual apresentar algum problema.

Há pessoas que são excelentes no gerenciar vidas e outras, no gerenciar coisas. E é preciso bem no início de nossos relacionamentos lembrar sempre dessa sentença. Naquele momento os apóstolos deixaram claro o tipo de pessoas em que haviam se tornado em Cristo (v. 2). Fizeram isso, sem que se tornassem incoerentes. Incoerência é uma palavra cada dia mais presente na igreja brasileira. Feito por pessoas que insistem em ensinar uma coisa e viver outra no seu particular. Ordenando e não se sujeitando a nada e ninguém. Eles são o mastro seguro daquela velha bandeira: "faça o que mando, e não faça o que faço". Esses são como nuvens sem água, como névoas impelidas por temporal. Rochas submersas, em vossas festas de fraternidade; ondas bravias, que espumam as suas próprias sujidades; árvores em plena estação frutífera, mas dos mesmos desprovidos. Líderes duplamente mortos, que amam mais a glória dos homens, que a glória de Deus. Homens perversos e impostores, que irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Consciências fermentadas!

            Então era preciso encontrar entre os irmãos, quem de boa reputação, pudesse com igual valor, cuidar de coisas. Os diáconos eram a resposta mais coerente dos apóstolos a nova sociedade em Cristo. Pessoas, que com verdadeiro interesse cuidariam daquilo que era necessário ao bem estar diário. Mas para isso, foi preciso que as pessoas se tornassem prioridade. Prioridade é aquilo que nos faz parar o que estamos fazendo, e que toma toda a nossa atenção. Pessoas sempre serão prioridade no Reino de Deus e de Seu filho.
       
            Aquilo pareceu bom a todos, pois significava que não teriam que escolher entre duas coisas. A igreja hoje está dividida entre aquelas que são felizes e não têm marido, e aquelas que têm marido e não são felizes. Isto é, umas têm um verdadeiro pastor de almas, mas, a igreja não cresce como elas gostariam. Outras têm uma super-igreja, com um super-estacionamento, e um super-berçário, mas se quiserem ver o pastor, tem que com antecedência, marcar gabinete e esperar confirmação. Todavia, em Atos, por causa da liberalidade e da personalidade restaurada, a igreja tinha o melhor dos dois; os dois!

Por causa do modo correto deles de agir a igreja crescia de forma ininterrupta e a palavra de Deus recebia grande atenção por parte de todos, de modo que até os sacerdotes obedeciam à fé. E isso, por causa da coerência "daqueles que haviam estado com Jesus" (4. 13). Cada vez mais, e mais intensamente, vemos os lideres decidirem por coisas. Para isso, abrindo mão do povo que lhes foi confiado. São chegados os dias em que Deus cumprirá a palavra que anunciou por intermédio do profeta Ezequiel: "Uma vez que os meus pastores não se preocuparam com o meu rebanho, mas cuidaram de si mesmos em vez de cuidarem do rebanho (...) Porque assim diz o Soberano, o SENHOR: Eu mesmo buscarei as minhas ovelhas e delas cuidarei. Assim como o pastor busca as ovelhas dispersas quando está cuidando do rebanho, também tomarei conta de minhas ovelhas". (cap. 34).

           

            Nos anos que estive a frente da classe de discipulado ensinei: quem ama pessoas, usa coisas. Quem ama coisas, usa pessoas. Pelo modo como é tratado, você sabe se é uma pessoa, ou mais um cadastro na secretaria da igreja, com o qual se pode fazer planejamento financeiro.

 

É o que tenho a dizer!

Ney Gomes – 12/08/2010.

"Você não teria medo de ser reprovado se não amasse a lisonja". (Agostinho)