[Fábula e Poesia] LINCON E DONA CENTOPEIA.





LINCON E DONA CENTOPEIA.
(fábula e poesia)

                Lincon soube que o poeta passara por ali, em sua cidade. Logo saiu ele a procurá-lo. Não era aquele um poeta qualquer, era o poeta que sabia amar, viver e falar das coisas com o coração. Lincon pegou a estrada na esperança de seguir seus passos, no entanto, em cada cidade que chegava o poeta já tinha por ali passado e partido.
                Então, cansado e abatido Lincon senta na beira da estrada para descansar seus pés que doem muito. Sentado e de cabeça baixa, percebe dona Centopeia que por ali faz sua caminhada habitual.
– Bom dia dona Centopeia! Por acaso não viu para que lado foi o poeta?
Dona Centopéia acha incrível uma criança tão nova estar tão interessada em encontrar o poeta. – Não minha criança! Não tenho visto o poeta por essas estradas!
Com a negativa, Lincon já desanimado, parece ficar ainda mais triste. Mas, dona Centopeia é cheia de experiências e vê que talvez, saiba de algo que possa fazer pelo menino:
– Mas o que uma criança quer com o poeta, para sair por aí a lhe perseguir os passos?
– A senhora sabe, – disse ele, – os poetas são pessoas de espírito livre, e eu queria saber muito, qual é o preço de tal liberdade?
Dona Centopeia, cheia dos pés que tem, acha aquela pergunta incrivelmente fácil de responder e diz: – Bem, minha criança! Não poderia ter você encontrado pessoa mais bem preparada para responder tal pergunta. E penso eu que nisso o poeta comigo concordaria. Pois no que diz respeito à liberdade e seu preço, as respostas não são em cada pessoa muito diferentes.
Lincon então se anima com a maravilhosa oportunidade de encontrar o que de tão longe veio procurar. Além disso, seria maravilhoso não ter que andar um tanto mais para achar o poeta. E ansioso pergunta: – E qual é dona Centopeia, o preço da liberdade?
– Ora, minha criança! Sapatos... Muitos sapatos!

Ney Gomes - 23/10/2010.

Curte a minha página no FACEBOOK.


Comentários

  1. Liberdade é a palavra que o sonho humano alimenta, não há quem explique e ninguém que não entenda. Cecília Meirelles.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas