Devocional - A Viúva de Naim.



A Viúva de Naim.



"Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade a acompanhava". (Lc 7. 12 – KJA).

Aos pés do monte Tabor, a pequena aldeia de Naim guarda seu status de lugar tranquilo. Ela não está na rota de viajantes, logo, seus visitantes são levados ali pelo acaso ou pelo forte motivo. Não muito distante de Nazaré, podia com facilidade se inteirar de suas novidades e vice-versa. Naim, que significa "bonita, graciosa", estava prestes a perder sua beleza, mas, Jesus foi lhe salvar.

A tristeza nunca foi boa razão para seguir alguém. Mas, também não é motivo razoável para se abandonar. E mesmo que Jesus nada pudesse ver dentro dos corações, a "grande" multidão não deixava as dúvidas de pé. Debaixo de toda aquela tristeza havia um potencial de liderança soterrado. Essa não era a primeira vez da História, em que uma viúva pelo carisma, herdara a liderança de seu marido.

No capitulo sete de seu Evangelho, cuidadosamente Lucas mostra a ação de Deus que leva em conta o "histórico pessoal". Ele nos mostra um homem que acreditava não ter histórico (vs. 1- 10), depois, uma mulher com histórico merecido (vs. 11- 17). Em seguida, fala sobre o histórico de João Batista (vs. 18- 35), encerrando o assunto falando de gente que acha que tem histórico [pra julgar o alheio, v. 39] e de gente que está atrás de um novo (vs. 36- 49).

Quando Deus salvou minha alma, salvou também o potencial bom de minha história. Salvou o pai que posso ser; o marido desejado; o cidadão de bem; o eleitor consciente; o membro participativo. É certo dizer, que sem Ele, nenhuma dessas coisas poderia ser feita com excelência. Naquele momento, a mulher não só perdia um filho; perdia também o potencial para fazer novas coisas. Quando Jesus decide ressuscitar o jovem, nessa decisão, está o salvar tudo o que de bom naquela cidade poderia acontecer por intermédio deles [mãe e filho]. Ele salvou o seu legado, aquilo no qual todos ali acreditavam.

Lucas aqui nos demonstra a grande verdade do Evangelho; que uma vida, livre das consequências do pecado pode cumprir todo o desígnio a ela conferida (9. 56/At 9. 15, 16). Muitas coisas podem ser feitas para se salvar uma cidade, mas certamente, a maior delas é salvar o potencial que a vida oferece [saúde, moradia, segurança e Bíblia na escola]. Com isso, Jesus fazia a boa política; aquela que acontece pelos homens de boa vontade; e que deixa claro a boa vontade de Deus para com os homens. Pelo amor, Ele destruía a pobreza que tão de perto cerca a vida dos homens e de suas cidades.

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Lamentavelmente, um dia depois de ter escrito esse comentário, houve o massacre da E.M. Tasso da Silveira, em Jardim Novo, Realengo, no bairro onde cresci e me formei. Realengo (leia a poesia que escrevique agora tem sua história empobrecida pela morte de crianças que certamente dariam uma enorme contribuição ao bairro e quiçá ao mundo. Realengo sempre esteve e estará em meu coração, e isso significa que eu também fiquei mais pobre. Vai demorar muitos anos para que a riqueza das ruas seja encontrada de novo, naquele bairro. Crianças sem medo da vida, indo para a escola sem receio algum. 


Ney Gomes - 06/04/2011. Twitter@neygms 
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10

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