C. de Eliseu - O Fruto do Espírito nos Profetas.



Comentário 12/18.
(O Fruto do Espírito nos Profetas).

"Então Eliseu disse: "Juro pelo nome do SENHOR dos Exércitos, a quem sirvo, que se não fosse por respeito a Josafá, rei de Judá, eu não olharia para você nem mesmo lhe daria atenção. Mas agora tragam-me um harpista". Enquanto o harpista estava tocando, o poder do SENHOR veio sobre Eliseu".
(2 Rs 3. 14, 15).

Tentar franquear a presença de Deus aos homens tem sido ao longo de toda história religiosa da humanidade uma forte tentação. Isso é feito por aqueles que desejam por motivos muito particulares, a popularidade e a aceitação social (At 8. 18, 19 – Ver o caso do Czar Nicolau II). Digo motivo particular, porque é obrigação daqueles que conhecem o Deus verdadeiro, Lhe apresentar aos outros. Porém se o fazemos, o fazemos sem interesses pessoais (Fl 4. 10-19). A presença de Deus não pode ser facilitada aos homens por imagens, ritos, fórmulas ou coisas dessa natureza. Tal atitude implica numa renúncia ao que Deus revelou a Israel sobre Si mesmo: "Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra" (Ex 20. 4). Ao rejeitar ser representado por uma imagem, Deus deixou claro para seu povo, que o exterior não serve para representar nosso conjunto de valores.
Esse foi o pecado dos reis Jeroboão e Jorão, um pecado mais abominável que a própria idolatria aos demônios. Pois dessa forma esses reis, rebaixaram o padrão moral que Deus estabeleceu para Seu povo. Jorão não conhecia o caráter de JEOVÁ e a sua iniquidade ajudava na manutenção desse estado, que acabava gerando uma miséria espiritual na vida do povo. A ignorância de Jorão chegou a ponto de culpar a Deus pelos seus infortúnios (v. 10). É justamente nessa altura da história que surge novamente o profeta Eliseu, revelando-nos uma das facetas marcantes da vida de um autêntico profeta do Altíssimo: - Aborrecer a maldade -.
Pecados de reis, nobres e eclesiásticos sempre encabeçam a lista das coisas que mais aborrecem os profetas do Altíssimo. Pois Ele não constituiu autoridades para o exercício da iniqüidade e sim da justiça (Jo 19. 11a/Rm 13. 4a/2 Sm 12. 1-15). Eliseu se destacou como profeta por causa de seu zelo com a verdade de Deus, e deu cumprimento em sua vida à verdade contida no Salmo 45. 7, que de certo era conhecida dele: "Amas a justiça e odeias a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre os teus companheiros ungindo-te com óleo de alegria".  É característica bem profética odiar o pecado com força e inteireza de vida (Jo 11. 35). Diante de Eliseu estava alguém que poderia representar bem toda a desgraça de Israel, e tanto isso é verdadeiro que por alguns instantes lhe fugiu a presença de Deus (presença essa resgatada com a ministração de um louvor - vs. 13, 15). Eliseu ficou profundamente perturbado com a maldade de Jorão e esse é o sentimento que está no CENTRO do ideal que Cristo idealizou para a igreja: "Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus" (Mt 5. 20). A vida e conduta de Jorão pareciam anular a palavra de Deus, no que diz respeito a sermos Sua imagem e semelhança. Em parte, Eliseu foi sem igual, dado o seu zelo e amor a justiça, e para o bem da verdade, amar a justiça nos faz diferentes!
Devemos conservar em nós essa capacidade de se aborrecer com a maldade do mundo, caso contrário jamais lhe seremos forte oposição (Rm 12. 1, 2). A miséria do mundo não está somente no diabo, está também vigorando nos homens que facilmente abandonam os conjuntos de valores e princípios que regem as relações pessoais e interpessoais, isto é, abandonam a ética (Tg 4. 3/Mq 3. 11). Por isso a palavra de Deus estava com ele, pois ele amava a Deus de todo o coração, e o seu amor lhe enchia do Espírito do Senhor, de força e de justiça, para a missão de declarar a Israel o seu pecado (Mq 3. 8). Essa perturbação interior frente ao pecado foi o maior legado de Eliseu, o fruto do seu espírito. A marca sem igual da vida daqueles que como ele, são chamados para anunciar a vontade e o caráter de Deus a sua geração (At 4. 19).


Ney Gomes.
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10

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