Estudo - Reino que Não Presta.



 REINO QUE NÃO PRESTA.

 

"Uma coisa é amar, e outra, é saber amar como Deus ama. A Bíblia diz que Saul amou Davi e que tentou lhe cravar uma lança também. E esse amor existe as dúzias na igreja de hoje".

 

É certo que Jesus queria descansar; levar os discípulos para longe de tantas luzes e agitação. Quem sabe, juntos pela última vez, olhar o verdadeiro brilho das estrelas. Betânia não era tão distante de Jerusalém, porém não tão iluminada. Em seu descanso, lembrou bem da olhada que deu nas coisas ao seu redor. Aquela Jerusalém não era a mesma de antes, dos Salmos, dos profetas, de Deus! (Mt 23. 37).

 

            No dia seguinte, renovado, voltou para Jerusalém. O sentimento homicida já estava por demais maduro, e aquela era a hora da última condenação (Mt 20. 18). Revelar por que Israel estava morta espiritualmente. Era necessário destruir suas bases; abrir espaço para todas as coisas que seriam feitas novas. Então começando pelo capítulo 11, Marcos descreve os diálogos e ensinos que marcam a falência de todo aquele sistema. De repente, surge um perdido; um sobrevivente daqueles dias de escuridão. Salvo pelo bolsão de duvida no qual estava aprisionado. E sobre a sua pergunta angustiante, Jesus vai nos ensinar sobre as bases de um novo Reino, Sua nova comunidade.

 

            Não demorou muito para que eu entendesse sobre amor. Depois que você é tocado por Jesus e ingressa na igreja, o amor começa a ser uma coisa normal em sua vida. Eu sempre me considerei muito amado em minha comunidade, talvez, fosse isso até atípico. Mas a verdade, é que nunca pude reclamar disso. No entanto, preciso dizer; algumas pessoas me amaram com um amor que não presta. Não sei bem como definir um amor que não presta, mas sei que ele é bem comum. É um amor que não resiste ao suspeitar mal; se ufana, se ensoberbece; que inveja quando outro faz sucesso. São na verdade, amores carnais. Que não foram em nenhum momento tratados em Deus. É claro, são melhores que qualquer coisa, mas insuficientes para construir o Reino. Não tenho dúvidas que Caim amava Abel, que Saul amava Davi. Não duvido do amor de Adonias por Salomão, do amor de Amnon por Tamar e de Absalão por Amnon. Todos esses amores eram válidos, todavia, sem prestar para qualquer fim virtuoso. Ainda me faltaria tempo de falar do amor de Judas e de Pedro por Jesus.

 

            Uma coisa é amar, e outra, é saber amar como Deus ama. A Bíblia diz que Saul amou Davi e que tentou lhe cravar uma lança também. E esse amor existe as dúzias na igreja de hoje. Das dores que enfrentei na igreja, 99, 9% foram com líderes cheios de amor e lanças. Quando tesoureiro, achei que ser correto era uma prova de amor. De demonstrar como eu me importava com minha igreja e meus pastores. Na verdade, tudo o que fiz foi pintar um alvo na minha testa, bem grande. Então, ao invés de desistir de ser correto, desisti de ser tesoureiro. E desde 2007 não tive mais problemas com pastor algum. Há muitos lares, cujos maridos amorosos batem em suas esposas e filhos. Patrões amorosos que roubam o direito de seus empregados; políticos que amam o seu povo e mesmo assim aceitam gordas e volumosas propinas. Ah! O mundo está cheio de amor!

 

            O amor que não presta para construir Reino é esse amor sempre reativo. Jesus fala dele em seu sermão no monte. Qualquer ladrão ama os que lhe amam. Uma pessoa que sempre faz o mal é capaz de amar uma pessoa que lhe favorece. Nesse amor, não há virtudes (Lc 6. 32). Um amor que não melhora o mundo, apenas mantém nossos interesses. Há amor entre satanistas, macumbeiros, feiticeiros, bruxos e etc. Amor entre ladrões e prostitutas, mas é aí? O que esse amor tem edificado? Todas essas pessoas amam o próximo! Com esse mesmo tipo de amor alguns têm construído igrejas. Que parecem ser igrejas, mas não passam de um ajuntamento de gente que possuí algumas coisas em comuns.

 

            Um amor que não está em Cristo, não pode servir de base para a formação de uma comunidade Cristã. Não dá para edificar só colocando em evidência o amor de Jesus. Não somos um grupo de pessoas sem valor ao redor de um nome que tem todo o poder. Igreja é gente tratada em Deus. Ora, quando nos voltamos para Deus, de todo coração, alma, entendimento e força, estamos "qualificando" nosso amor para servir aos propósitos da comunidade. Para ser melhor e duradouro, é preciso amar como Cristo ama; os pais, os filhos, a esposa, o marido e as demais pessoas (Ef 5. 25). Um amor tratado em suas emoções (coração), ambições (alma), origem, criatividade (entendimento) e iniciativa (força). Devemos amar a Deus antes de todas as coisas, para não oferecer lixo emocional às pessoas (Mc 12. 30). Por que Deus trata o "nosso amor" e devolve a ele todo o seu potencial verdadeiro. É Deus que diagnostica se em nós o problema é falta ou excesso. Se é preciso cortar os galhos ou adubar a raiz. Esse tratamento é chamado por Paulo de "caminho mais excelente" (I Co 12. 31).

 

            O Cristianismo é sinônimo de relacionamentos que curam. Por isso, não adianta eu dar meus bens e queimar meu corpo, se o que represento não edifica os outros. O foco é a comunidade, por isso, Deus enviou Seu filho ao mundo. Cristo é a nossa real chance de lograr êxito onde Israel falhou (Mc 11. 13; 12. 7). De construir através do amor, uma comunidade onde bens como verdade, justiça e igualdade sejam comuns a todos. E onde todas as demais coisas nos sejam acrescentadas como resultado disso (Mt 6. 33).

 

            Você percebe a falta que faz ESSE amor, quando vê uma igreja que não progride. Você vê paredes pintadas, bancos reformados e aparelhos de ar condicionado em todo lugar. Mas não vê um ministério que permanece, que progride sem conflitos e que edifica por comunhão. É normal ver igrejas ricas, com ministérios itinerantes; sazonais. Pastores capitalistas, ministérios socialistas; Pastores flamenguistas, ministérios vascaínos; pastores roqueiros, ministérios sertanejos; pastores petistas, ministérios tucanos. Gente que se ama, que fica junta por um tempo, e depois, faz o que lhe é natural: Separam-se.

 

            Não há dúvidas que estamos construindo um reino. Alias, como ele é luxuoso! Mas, o Reino que nos interessa está pronto e a questão é: O quanto estamos perto ou longe dele? O mais são tendas de Pedro diante de uma Glória que não desvanece (Mt 17. 4).

 

Ney Gomes - Janeiro de 2012.
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10




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