Poesia - Um Coração em Fast Town.



UM CORAÇÃO EM FAST TOWN!

E tudo acontecia assim nessa incrível cidade onde todos tinham pressa!

Ali, carteiro algum jamais foi mordido por um cão. No ônibus o motorista não parava; ele reduzia a velocidade e as pessoas saltavam para subir ou descer. A cidade tinha uma agência bancária por morador e o poder público era privatizado. Nas lojas de roupas, você olhava a peça e a vendedora logo embrulhava e te dava a ficha do caixa. No mercado, o açougueiro passava a faca na carne e o que cortasse estava bom. As ruas da cidade eram largas como avenidas e as iluminações das praças acendiam sempre antes do meio dia. Ali não havia guardas de trânsito ou semáforos. As pessoas paravam seus carros em qualquer lugar, pois procurar por vagas demorava demais. Nos cinemas não havia estreias; por causa do risco de formar filas para a compra de pipocas. A cidade era pobre de restaurantes, mas rica de bares, biroscas e redes de fast foods. Na rua, qualquer coisa parada era considerada turista, quebrada ou morta.

Então, quando vi aquela garota linda na praça do shopping, de andar gracioso e sozinha, não duvidei. Cheguei perto e fui logo dizendo: - É teu o meu coração!

De repente um silêncio ancorou ao meu redor. Todos pareciam ter ouvido minha declaração e entre si, cochichavam e zombavam de mim. Um senhor que parecia não querer perder tempo, sob muitos olhares de surpresa se aproximou de mim e sem rodeios me disse: - Meu filho! Não tenha tanta pressa em entregar seu coração para alguém! A gente dessa cidade valoriza o tempo, e não a tolice!


Ney Gomes.- 30/07/12
"Teólogos escrevem sobre Deus. Mas quanto aos poetas, só Deus sabe!"
 
Obs: Para celebrar 20 mil acessos e 38 anos!

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