Devocional - Descansando nas Tempestades (Mc 4).
DESCANSANDO NAS TEMPESTADES.
“E, assim, Ele
lhes transmitia muitos ensinamentos por parábolas”. (v. 2)
Numa das raras
janelas abertas, de onde se pode ver um dia inteiro da vida de Jesus, Marcos
nos leva a contemplar o incrível milagre de Jesus, de transformar palavras em
atitudes. Ele começa nos revelando que Jesus deu início a verdadeira natureza
daquilo que chamamos de “portátil, compacto, multifuncional”. Seus ensinos,
sempre leves e sempre frequentes, poderiam ser levados a qualquer lugar, por qualquer
coração, em qualquer condição. Ele os chamava de “parábolas”. Mais tarde, Steve
Jobs, chamaria coisas parecidas de Ipod, Iphone e Ipad. Logo, a ideia original
de simplificar e potencializar é de Jesus; se chama “Evangelho”.
“Finalmente,
outras partes caíram em terra boa, germinaram, cresceram e ofereceram grande
colheita, a trinta, sessenta e até cem por um”. (v. 8)
Todas as lições
de Marcos 4 (quatro) apontam para o valor que tem pequenas coisas, quando
encontradas em seu lugar certo. Começa com uma semente e suas combinações.
Depois uma candeia e depois um grão de mostarda. Coisas fáceis de imaginar, e
não tão difíceis de serem carregadas por alguém. A semente quando em seu lugar
certo, se multiplica.
A candeia pendurada dissipa a escuridão e o grão, se encontra o solo,
mostra a sua grandeza.
“Enquanto
ele dorme e acorda, durante noites e dias, a semente germina e cresce, embora
ele desconheça como isso acontece” (v. 27)
Às
vezes, vivemos com tantas grandezas e não percebemos que isso rouba o “mistério
de realizar” das pequenas e singelas coisas (v. 27/Fl 2. 3). Então, sem um
cuidado devido, em meio a grandes sonhos e desejos, dentro de nós essas coisas
se perdem; se deslocam; se desencontram. Não somos uma sociedade sem valores,
somos sim, uma sociedade com valores perdidos, e pior, dentro de nós (Mt
21. 29). Gente que sabe fazer o bem, só não sabe onde o colocou. As pequenas
coisas que consideramos não terem valor para o uso do dia a dia. No entanto,
são os pequenos gestos que multiplicam o amor, as pequenas atitudes que dissipam
o mau diário e pequenas palavras ditas com o coração que engrandecem os sentimentos puros,
onde se aninham os relacionamentos saudáveis (Mt 13. 32). E têm sido assim,
invadindo o cotidiano com pequenos valores que Deus nos demonstra a Sua
grandeza.
Pequenos valores podem produzir grandes resultados se estiverem no
lugar certo e Jesus fala novamente sobre isso, na Parábola da ovelha e da
dracma perdidas e do filho perdido (Lc 15. 1- 11).
Umas das mais poderosas mensagens
embutidas nos Evangelhos; é aquela que nos chama a não ambicionar as coisas
altas demais (Ef 5. 3). Desejar o que é bom, mas sempre em espírito de sacrifício.
Possuindo e sempre pronto a dar; dando e sempre pronto a nada esperar em troca.
Enriquecendo muitos outros; nada tendo; vivendo sem medo da pobreza. Num primeiro olhar,
Jesus parecia ser somente mais um mestre itinerante em busca de seu próprio
sustento. No entanto, ele possuía tudo e estava disposto a levar outros a esse
despojo.
“Pois com toda a certeza vos afirmo que, se tiverdes fé do tamanho
de um grão de mostarda, direis a este monte: ‘Passa daqui para acolá’, e ele
passará. E nada vos será impossível!” (Mt 17. 20)
Ele
fala também sobre isso em outra “parábola”. Onde também é posto em evidência
não o tamanho do que se possuí, mas sim, o seu uso correto. Se as coisas
encontram dentro de nós o lugar certo para acontecer, é impossível de se
imaginar os seus efeitos (Mt 17. 20). Ora, como já dito por pessoas muito mais
sábias do que eu, o jejum “não move” o coração de Deus; ele nos move até onde O
coração de Deus está. Então, uma vez movidos os nossos valores até o lugar
certo, a fé se torna capaz de produzir grandes feitos.
Mas agora,
Jesus nos leva das palavras às atitudes. Mostrando em sua própria vida o que é
ter as coisas dentro de si no lugar correto. Nos mostra como é poderoso os seus
efeitos.
“Eles, então, despedindo-se da multidão, o levaram no
barco, assim como estava. E outros barcos o seguiam”. (v. 36)
Depois
de ensinar todas essas coisas Jesus decide partir para outro lugar. Ele chama
seus discípulos para irem a outra cidade, do outro lado do lago. Já é fim de
dia e o Mestre está exausto; no entanto, algumas pessoas ainda lhe seguem em
suas próprias embarcações. Sempre haverá pessoas insatisfeitas com o que
recebem de Deus, querendo mais e mais. Sugando; cansando; exaurindo. Jesus está
preparado para elas, mas elas surgem numa progressão assustadora. Ele então
decide descansar por um pouco ali mesmo no barco. Sabe bem que não será mais
possível de fazê-lo quando chegarem do outro lado (5. 2).
“Levantou-se
um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi
se enchendo de água. Jesus estava na
popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro”. (vs. 37, 38)
Jesus
dormia na popa do barco, enquanto naquele exato momento ele se enchia de água.
Então, surge a pergunta mais importante do discipulado: Quanto de ruim sua fé
consegue suportar?
Algumas pessoas
não conseguem estar bem com Deus se tudo ao seu redor também não estiver bem. Pessoas
que perdem a paz, quando veem a água entrar no barco. Desfrutam de Deus só se
tudo está calmo, sereno e tranquilo. Você é assim? Você é capaz de sentir e
produzir paz mesmo quando tudo aparentemente não está bem? É importante notar
que durante a tempestade não se faz relatos dos outros barcos que lhe seguiam. O
quanto a sua fé consegue produzir conforto? O que está dentro de você consegue
ser mais poderoso do que está do lado de fora? Você é capaz de estar quieto
ainda que tudo ao seu redor esteja se estremecendo e desiquilibrando? (Sl 46.
3- 5).
Ora, se temos as coisas dentro
de nós em seus lugares certos, é seguro afirmar que conseguiremos extrair de
nosso relacionamento o descanso necessário para enfrentarmos as turbulências
dessa vida. Jesus descansava não por que tudo estava bem, mas, por que Ele
estava bem.
O fruto de Seu
relacionamento com o Pai, mais se parecia com um travesseiro (almofada), do que com uma pedra. Cada um descansa
sobre aquilo que edifica em Deus. O homem que constrói sua casa sobre a rocha,
também descansa nas tempestades (Mt 7. 25). Os discípulos, como a maioria das
pessoas naqueles dias, eram por demais desorganizadas em seu interior. Gente
assim gera uma crença amarga, negativa e incerta. Com dúvidas que atrapalham
qualquer possiblidade de descanso (v. 38b). Uma fé baseada na Palavra crê no
amor e no cuidado de Deus, e nisso descansa. Essa é a primeira coisa que a
salvação produz; certeza de que Deus nos ama e se importa conosco! E que
poderoso calmante para alma é ter isso como posse.
“então,
ele se levantou, repreendeu o vento e ordenou ao mar: “aquieta-te!
silencia-te!” e logo o vento serenou, e houve completa bonança”. (v. 39)
Uma
fé que produz conforto interior é uma fé que produz quietude externa e paz no
ambiente. Gente assim controla o ambiente onde se encontra. Eles transferem
aquilo que sabem para a atmosfera onde se encontram (At 27. 34- 38). Contagiam
com bonança as espumas que as ondas bravias produzem. E uma após outra elas vão
se dissipando até que o mar se aquiete. Se a boca fala do que enche o coração,
é certo afirmar que é responsabilidade nossa transformar o externo ao nosso
redor (Rm 12. 2). O Cristianismo cresceu sobre esses ensinamentos de Jesus. E é
lamentável que alguns que com Ele andam há tanto tempo ainda não tenham se
conscientizado disso. Mal sabendo na verdade quem Ele é em espírito e em
verdade. Transtornados, angustiados, vagando sem respostas, tendo muito e não
possuindo nada. Vidas acontecendo sem descanso, perturbadas por perguntas que
precisam de respostas.
“Os
discípulos, contudo, estavam tomados de terrível pavor e comentavam uns com os
outros: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (v. 41 – Versões
King James Atualizada. KJA).
Ney Gomes.
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança
no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10
“Memórias de um Pardal,
em 2014”.
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10
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