Obreiros - Pontes de Diálogo (Mc 9. 33).



PONTES DE DIÁLOGOS.

“E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho?” (Mc 9. 33 – ACF).

Minha comunidade de fé (CEI) completa nesse mês 40 anos de fundação. Dos 40 assisti 21 após minha conversão, e muita mais de perto, ao me tornar obreiro. Dei assistência direta a quase todos os pastores com quem trabalhei, desenvolvendo com alguns amizade verdadeira e profundos laços de afeto. Não fui, REPITO, não fui testemunha pessoal do fracasso ministerial de nenhum deles com quem trabalhei e servi. De tal coisa, em 21 anos, me orgulho muito.


Quem serve de perto pastores, precisa entre tudo, ter apenas uma preocupação: não desejar ser o primeiro. Líderes precisam olhar para a frente, mas precisam ter ao seu lado, liderados capazes de traduzir anseios. E quando eles não existem ou são ignorados, os tempos de fracasso se anunciam com trombetas. Quem serve líderes diretamente precisa entender o seu papel de portador do anseio dos demais liderados. E quem é servido, não consolida sucesso sem esse feedback.

Há muitos debates no coração de quem é liderado, Jesus vez outra, desejava saber sobre isso: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16. 15). Pastores apontam caminhos, eles não controlam anseios, não decidem destinos. Mas se ele sabe o que as pessoas sentem, e se as pessoas sabem o que ele sente (II Tm 3. 10), tudo fica mais fácil (Jo 6. 61). Por 20 anos, foi isso que fiz, e que agora faço mais uma vez, como liderado.

Jesus raramente olhava para trás, e quando olhava, tinha quem era capaz, de na maioria das vezes, traduzir sentimentos. No exercício de liderar pessoas o silêncio é um fracasso monstruoso. É preciso forçar uma voz, um canal, um tradutor. Bons pastores já fracassaram por ignorar isso, enquanto outros, limitados em suas ferramentas de gestão, tem tido sucesso estrondoso por valorizar apenas tal coisa.



QUEM SERVE, tem de ficar pra trás, ouvir vozes, entender corações e traduzir sentimentos. Pontes de diálogos são criadas quando um líder dá um passo atrás e um liderado dá um passo à frente (I Co 1. 10- 13). Quem ignora isso promove desgraças! (Pv 18. 1) Um pastor que não entende o anseio de seus liderados se torna um viúvo de esposa viva. Quem foi melhor que Barnabé (At 9. 26, 27) para dar voz ao anseio das pessoas? Com ele, Paulo aprendeu também: “Ora, para que vós também possais saber dos meus negócios, e o que eu faço, Tíquico, irmão amado, e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo. O qual vos enviei para o mesmo fim, para que saibais do nosso estado, e ele console os vossos corações”. (Ef 6. 21, 22).

Uma liderança nunca avança sem uma perfeita tradução de sentimentos (Jo 15. 14, 15). Lembrando que o pastor não é essencialmente um profeta (o que ouve Deus e fala isso ao povo), mas sim, um sacerdote (o que ouve o povo para então levar isso a Deus – Jo 10. 11). A ambição humana desenha tragédias terríveis e apenas o que ouve as vozes consegue desfazer esses rabiscos. Jesus ouvia o que era dito logo atrás dele, por seus discípulos, e isso lhe interessava (Mc 9. 33). Por muitas vezes, Pedro estava lá, ele assumia essa tradução dos anseios: “Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna (Jo 6. 67, 68).

Mas hoje? Quem está lá, na sua comunidade, quando o pastor olha pra trás?


Pastor Ney Gomes - 12/03/2018. Twitter@neygms 
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10

Comentários

Postagens mais visitadas