Poética – Felicidade Improvisada.




Crônicas – Felicidade Improvisada.

                Um pouco depois de sair da área urbana de Italva, em direção a Itaperuna, você encontra na margem mais próxima da BR 356 a barraca de plantas ornamentais e terra adubada do Carlinhos. Um cara do bem, filho de uma tradicional família de batistas históricos. Uma das pessoas mais prestativas que alguém pode conhecer durante uma vida.

         Incontável o número de pessoas que ele ajudou, cujo carro quebrou ali perto de seu modesto comércio. No veículo de uma senhora vinda de Muriaé, ele fez o motor funcionar com um pedaço de arame farpado arrancada de uma cerca de bois. De uma outra vez fez o sistema de gás funcionar com um palito de dente. Papel, linha, fios, pregos, arames e coisas ainda muito improváveis ele usava para garantir uma ‘gambiarra’ que tirasse um carro do acostamento.

         Seguramente, Carlinhos tinha um dom para se relacionar em sucesso com qualquer coisa mecânica. Certa vez, ajudou ‘Ritinha’, psicóloga de Campos que por ali passava atrasada para seu trabalho em Miracema. Numa lanchonete, ouviu uma atendente dizer que todos ali achavam um desperdício Carlinhos ter uma barraca de plantas, ao invés de uma oficina-borracharia. Para as pessoas daquele lugarejo ele não era apenas simpático, ele era uma espécie de mago, alguém que tinha uma ‘graça’ para entender de veículos. Não só carros, sua fama era preenchida por tratores velhos, roçadeiras e outras coisas movidas a diesel.

         Então, Ritinha pagou a conta com cartão de crédito, e enquanto ajeitava a roupa para se levantar, disse para a sua amiga e a atendente que ali com elas estava: “A vida, queridas! Exige certo improviso às vezes! Veja, é muito prejudicial à felicidade ser bom em algo que não se ama fazer!



Ney Gomes – 04/11/2018. Twitter@neygms
“Teólogos escrevem sobre Deus. Mas quanto aos poetas, só Deus sabe!”

               


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