Crônicas - DIAS SEM REIS!
E.M. Dalva de Oliveira - Realengo. |
DIAS SEM REIS!
Quando eu cheguei na Dalva de Oliveira (escola
municipal onde cursei meu ginásio no fim da década de 80), aquele prédio
era um mundo de escola! Com crianças
que vinham do primário de toda região, frutos das transferências automáticas ou
das razões pessoais de seus pais. No
subúrbio do Rio, as escolas municipais desafiavam a saúde mental dos
jovens. O dever de aprender a crescer e ser forte começava ali, nos tempos de
ginásio, entre salas e corredores, aulas e intervalos.
No caso da E.
M. Dalva de Oliveira (Jardim Novo – Realengo), era uma escola enorme, de
dois andares, com seis salas espaçosas por andar. E nesse sistema solar de adolescentes você tinha de se encontrar e
rapidamente marcar seu lugar, encontrar sua tribo. Os corredores (Orkut) eram as redes sociais, seguidas pelo
refeitório (facebook) e as duas quadras
esportivas (twitter
e instagram). Não existia botão de bloquear, e dar errado nos
relacionamentos era dar errado no ano todo, e talvez, por todo período
ginasial.
Por isso, era fundamental que nos primeiros
meses você descobrisse quem eram os REIS
DA ESCOLA!
Toda escola você sabe, tem sua realeza. Os reis da “falsidade”,
das “mentiras”, das “deslealdades”.
Hoje, tudo isso se chama “treta”. Conhecer e não ser um desses “reis” da escola
era essencial para uma vida adulta feliz e próspera.
Por vezes, todos esses conceitos de realeza
estavam amarrados a rostos bonitos e pernas interessantes, o que fazia desses
reinados uma tirania insana!
Certamente, A Dalva
de Oliveira fez de mim um adulto saudável. Mas o que eu vejo hoje é
que os reis morreram! Você chega nas terras dos cegos
e aquele que tinha um olho só foi assassinado! Muitos “mileniais”
chegando a fase adulta em plena rebelião, nem nunca ter conhecido uma “realeza
escolar”. Adultos midiáticos, que não sabem se defender emocionalmente e
contam com um botão bloquear para tudo! (Que pra tudo não existe).
Lateral da escola, Est. Nogueira de Sá com Pirpirituba. (cabritinhos) |
Esses dias são dias sem reis, onde todos
reinam. Dias perigosos e doentios, de lutas, dores e dissabores. Existe um rei
e uma rainha em cada esquina, rua, comércio. Uma rebelião generalizada com
coroas nunca antes ocupadas. Gente reinando fora de hora, fora de épocas! Quando éramos adolescentes
saímos da escola para o 2º grau sabendo
quem eram os reis
do bairro
e como nos afastar deles. Mas hoje, essa geração não sabe reconhecer uma monarquia. Elas se casam com eles, e
por eles são assassinados. Eles se casam com elas (as rainhas) e por elas são
traídos e abandonados. Mas não antes de terem suas almas e carteiras sugadas! Histórias que ocupam os jornais
televisivos da “faixa das 18 horas”.
Temo que se aproxima os dias dos quais falava o Apóstolo São
Paulo: em que esses reis estariam em todo lugar! Sedentos pelo
sangue de súditos desavisados e fascinados. “Saiba que
nos últimos dias haverá tempos muito difíceis. Porque as pessoas só amarão a si
mesmas e ao dinheiro. Serão arrogantes e orgulhosas, zombarão de Deus, desobedecerão a seus pais e
serão ingratas e profanas. Não terão afeição nem perdoarão; caluniarão
outros e não terão autocontrole. Serão cruéis e
odiarão o que é bom, trairão os amigos” (II Tm 3. 1- 4 – NVT).
Saudades dos dias que conseguíamos
reconhecer os reis na escola e evitá-los por toda vida! Saudades!
(Ney Gomes,
um plebeu. – 24/08/2019).
Lindo! Quanta lembrança Boa. Tempos bons.
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