I JOÃO - CRISTANDADE SIMPLES (22).

 


SOBRE FUGA E MEDO. 22

 “No amor não existe receio; antes, o perfeito amor lança fora todo medo. Ora, o medo pressupõe punição, e aquele que teme não está aperfeiçoado no amor”. (I Jo 4. 18 – KJA).

Ora, sabemos que por toda a Corrida Cristã estamos nós mais comprometidos com o dar, do que com o receber. Isso tanto é verdade, que Jesus a listou como uma bem-aventurança (At 20. 35). Quem ama não se intimida pelo amor que outros têm e consequentemente por sua oferta a comunhão dos santos (Gn 4. 4, 5). Mas, quem não ama perfeitamente foge, pois sabe que em certa hora será descoberto em sua fraude de vida e valores. Essa é a herança que nosso pai Adão enxertou em sua semente; o medo (phobos) de ser descoberto, pego. No original grego, phobos, significa de forma primária, fuga, arroubo. Se a igreja deve nos discipular e pelo tempo, alguns ainda não se tornaram mestres, o que eles podem alegar a respeito dessa condição?


         Por que Adão fugiu? Fugiu, pois sabia de sua condição naquele momento. Sabia também que nada do que fizesse, apesar de tentar, a mudaria. As consequências de sua vida lhe eram bem conhecidas; ele deveria somente guardar a condição de obediência e submissão. E naquele momento ele não a tinha mais. As consequências da vida crista são conhecidas de todos nós, e de acordo com Paulo, em Gálatas, são elas: abnegação, força, compreensão, suportar, doar, disponibilidade, seguir em frente, acreditar, ajudar. E contra essas coisas a lei nada ordena.

Elas vão crescendo e produzindo em nós um homem perfeito, que não teme mais o se relacionar com Deus. Um homem que faz todos os dias o caminho contrário que fez Adão, e esse Caminho é Cristo Jesus, sumo modelo de vida e conduta. A fonte que nos fornece a vida que usufruímos e ofertamos à comunhão. Imagine o Pedro da “pesca maravilhosa, da beira da fogueira” no quarto de Dorcas? Certamente, ele fugiria por qualquer mínimo buraco (Lc 5. 8). Mas Graças a Deus, o Pedro que estava ali, era o Pedro do “Pentecostes”, perdoado, restaurado, confrontado e cheio do Espírito.


Preciso fazer justiça às memórias de João, já que escrevo esse texto levando-as muito em conta. Esse Pedro é o homem “tetélestai”, isso é, aperfeiçoado. Tetélestai é a expressão final de Jesus no madeiro, em pronúncia perfeita aos que estavam aos seus pés (Jo 19. 30). Após ter dito sem medo, Ele inclinou a cabeça e entregou seu espírito ao Pai. Um jurista romano sabia perfeitamente que de posse do “tetélestai” um homem não devia mais nada a ninguém. João usa a mesma palavra para expressar as consequências de nossa NOVA vida. A todos os que creram foi dado o poder desse amor, desse perfeito amor (teleia ágape). Não devemos nada a ninguém, mas devemos tudo a Deus, que morreu nossa morte, para que vivêssemos sua vida (2 Co 5. 21). E por cauda dessa consciência é que não fugimos dos irmãos e de suas necessidades, vicissitudes e dilemas (3. 17).

         É atormentador saber que em qualquer momento sua condição vazia será desmascarada, para tais pessoas a vinda de Jesus é como uma punição, a execução de sua sentença. De tão vazias que são, Jesus salvará o quê, se não há nada? É lamentável reconhecer, mas até o diabo sabe que para se fazer grandes coisas, é preciso ter coisas para se oferecer em troca (Lc 4. 4- 7).


Ney – Verão. 09 de Fevereiro de 2011.

"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo". 1 Timóteo 4.10


Adicionais 2016 – João anuncia (4. 17) que somos salvos por relacionamento (já que Cristo está vivo e desejoso por isso – Ap 3. 20), pela transformação que isso provoca (4. 19). O mais difícil de ser feito, sempre lança alívio sobre o mais fácil (4. 21).



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