O PERIGO REAL DA IDOLATRIA.

 



O PERIGO REAL DA IDOLATRIA.

(1 Reis 18)

 

E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome.

Lc 21. 16, 17 - ACF

 

Engana-se severamente os que acreditam que o desafio entre Elias e os profetas de Baal é uma luta por tronos e lugares no coração do povo. A idolatria sempre teve lugar cativo na história dos povos e nem por isso Deus mandou meteoros para destruir tais civilizações. O retorno de Elias de seu bem sucedido exílio tem a ver com a preservação da vida, das histórias, do legado e dos amores. 

Deus decide agir naquele ponto da história por que a idolatria tinha atingido seu grau máximo de maturidade. Nesse ponto ela destrói os mais importantes tecidos sociais, a ordem que nos permite viver uma vida saudável (Sl 133. 1). Dentro de um profeta há um pai, marido, filho, cidadão, trabalhador, um familiar. E a idolatria colocava todos esses papéis em risco de morte real (Lc 21. 16, 17). 

A adoração a Baal destruía sentimentos familiares, culturais e nacionalistas. Destruía personagens importantes para o desenvolvimento da história de Israel. Acabe e Jezabel tinham reduzido a história de Israel ao cuidado com cavalos, mulas e outros animais. Acabe era mau por que reduzia o valor real das coisas que Deus tinha criado. Como no caso em que destruiu uma vinha para plantar uma horta (21. 2). Deus se move nas histórias humanas, de peregrinações, encontros, amores e tragédias, e pessoas mortas não vivem tais coisas (v. 4). 

Salvar a história das pessoas foi o combustível da viagem de Elias de volta a Israel. O lugar de Deus NUNCA sofreu danos e o TRONO de Deus NUNCA esteve em risco. Mas Deus não aceitaria passivamente a destruição dos tecidos que Ele estava preservando para a identidade do Messias. A idolatria promovia também o esvaziamento funcional das pessoas. CEM homens deixaram de funcionar como profetas, também como pais, maridos, filhos. Elias afirmou corretamente que ele era a única pessoa que funcionava como profeta naqueles dias, da parte de DEUS: Então disse Elias ao povo: Só eu fiquei por profeta do SENHOR, e os profetas de Baal
são quatrocentos e cinquenta homens”.
(v. 22)
 

Esse nível de idolatria volta a perturbar a humanidade no fim dos tempos, nos dias que antecedem a vinda de Jesus. Dias em que a doença da idolatria cancela e destrói mais uma vez os tecidos sociais que nos dão saúde: “Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mt 24. 10, 11). Nos últimos dias os deuses das nações tomam outras diversas formas. Mas a idolatria segue produzindo o mesmo mal e o mesmo prejuízo aos povos e as nações. Ídolos nacionais, políticos e religiosos colocaram nações contra nações, promovendo assim uma verdadeira “cultura de cancelamento” e destruição: “Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes...” (Mt 24. 5- 7). 

Deus mandou Elias de volta para destruir a composição maldita que estava se formando sobre o povo: fome, idolatria e esvaziamento funcional. O amor é que promove a vitalidade dos papéis e dos tecidos sociais, e se ele é destruído a imago Dei é desfeita em nós, restando apenas um borrão de bestialidade. “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim”. (Jo 16. 2, 3) 

Reduzir o texto de 1 Reis 18 a um duelo entre deuses é colocar o valor das Escrituras ao nível da mediocridade. Deus agiu para salvar o potencial das pessoas, de suas histórias e de todo material social que eles produziriam ainda. O texto também nos alerta para que nunca deixemos de combater a idolatria. Pois quando ela madurece sem oposição, vira monstro e engole a todos sem piedade. Devoradora de identidades e amores, ela vai destruindo tudo o que tem a essência de Deus até a alma humana.

 

Ressurreição é o poder que preserva a vida e o que ela representa diante da morte. Elias aqui é uma figura de Cristo, de sua obra redentora, de seu trabalho incomparável (Fides Christo larvam detrahit – Sibbes). Elias, no exercício de seu ministério profético salvou as histórias de Israel por mais um pouco de tempo, do dano da idolatria. A peça espiritual escrita em 1 Reis 18 é para nos fazer entender o que Cristo fará em definitivo no fim dos tempos. Cristo nos salva por completo, corpo, alma, história e amores. E também para nos manter alertas diante do risco real da idolatria. 

Não se engane: onde há ídolos, nunca há segurança! “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém” (1 Jo 5. 21/I Ts 5. 3)




 

 

 

Ney Gomes - 21/03/2021. Twitter@neygms

 “Tudo o que passou é experiência, o agora é relacionamento e o que está por vir é desafio”.

 

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