Devocional Josué. A Conquista do Céu (03).

 

VENCENDO O REINO DAS APARÊNCIAS.

 

“Assim Josué ordenou aos oficiais do povo: Percorram o acampamento e ordenem ao povo que prepare as provisões. Daqui a três dias vocês atravessarão o Jordão neste ponto, para entrar e tomar posse da terra que o SENHOR, o seu Deus, lhes dá”.  (Josué 1. 10, 11 – NVI). 

         Todos nós um dia enfrentaremos aquilo que podemos chamar de “prova de fogo”. Essa nos será imposta por outros ou pela própria vida na hora que um deles achar que estamos prontos. Qualquer israelita adulto sabia que Jericó era a prova de fogo para aquela jovem nação prestes a se formar. Vencer Jericó era fundamental para ir adiante. Josué que assumira a liderança de mais de um milhão de pessoas sabia também que sua liderança gerava muitas expectativas no povo. Se a marcha sobre Jericó fracassasse não haveria mais conquistas em Canaã. Mas quando Deus está na frente, duvidas se transformam rapidamente em certezas e Josué estava certo que Jericó seria conquistada (Jo 20. 27, 29). 

            Isso, porque Deus sabia algo sobre Jericó que os homens não conseguiam ver. Jericó (também chamada “Cidade das Palmeiras” e “princesa do vale do Jordão”) possuía muralhas enormes que vendiam a fama de cidade impenetrável, seus muros foram construídos para vender a imagem de seu povo. Quem olhava para as muralhas de Jericó acreditava que aquele povo tinha uma coragem da mesma natureza. 

            Mas Deus detinha o precioso conhecimento da natureza do elemento usado para construir a muralha. As muralhas não eram de pedra, nem de tijolos, tão pouco de argamassa, eram feitas de aparência! As muralhas apenas vendiam uma imagem e nada mais. Deus que não vê como vê os homens, mandou Josué ir contra Jericó sabendo que a cidade não ofereceria resistência alguma. De fato não há relato de embate em Jericó, o muro cai e cada israelita mata tudo e todos que estava vivo em sua frente. 

            Certo dia o qual data a Bíblia não nos informa, todos os moradores de Jericó, já cansados de prestar contínuo serviço militar, de ter aulas de táticas de guerrilha, de aprender e ensinar os filhos a manejar espadas, resolveram encontrar uma solução melhor para o problema de segurança. Então alguém muito inteligente e descansado deu a ideia de se gastar de uma só vez um grande tempo na construção de algo de inspirasse medo nas pessoas. Votaram-se muitas coisas até que chegaram ao consenso de construir uma muralha, não uma muralha qualquer, mas uma grande, gigantesca e imponente muralha. Daria trabalho, isso roubaria tempo de lazer, tempo com os filhos, tempo com a esposa, mas para eles valeria a pena. Muitas pessoas ainda hoje continuam roubando de sua família para investir na aparência (viva o instagram!). Para vender aos de fora de casa uma imagem bonita de espiritualidade, mas falsa! Como esses moradores de Jericó, muitos ainda hoje preferem viver de aparências. Constroem um grande muro ao seu redor, não para ter privacidade, e sim para esconder a verdadeira natureza de suas vidas vazias de valores morais, éticos e de Deus (Jo 1. 47/Ef 4. 25). Fazem seminários para nunca mais ter que ler a Bíblia, mas para poderem dizer “sou formado em teologia”. Frequentam igrejas para expressar um compromisso que seus joelhos jamais darão testemunho. Depois da construção das muralhas, as pessoas de Jericó não mais se dedicaram ao exercício militar, eles acreditavam que a aparência da muralha daria por si só o recado. Mas se enganaram! Pois o mundo espiritual e o seu poder não se sujeitam a uma vida de aparências; o diabo não respeita imagens formadas por tradições religiosas ou familiares (At 19. 14, 17). 

Não gaste um minuto sequer de sua vida na construção de uma imagem que vai vender algo que você não é. Paz é uma coisa real, pela qual lutamos de forma real para adquirir ou defender, aparências não trazem paz, só desgraças! (At 5. 1-11/Ef 6. 6/II Tm 3. 5).

            Invista suas energias no acúmulo de conhecimento que vai te aproximar de Deus, nas orações, no partir do pão. Gaste tempo com pessoas que tem experiência em lutar pelo Reino de Deus. Jericó foi destruída pela tolice de acreditar que um muro, que uma capa, que uma aparência pode fazer milagres, só Deus faz milagres. Jericó tinha muros de hipocrisia, falsidade (na verdade a muralha funcionava como uma máscara coletiva). Por fora bela viola, por dentro pão bolorento! Nas aparências invencíveis, na realidade completamente derrotados. Jericó na tipologia Bíblica simboliza o primeiro dos três inimigos da vida Cristã: — A carne! 

            Se não vencermos a carne (Raabe é a representante desse pensamento, afinal, toda a prostituição se comete na carne. Ela foi à única pessoa que trocou de lado a tempo, você entende?), o que nos faz pensar que venceremos o mundo e o diabo? A vida Cristã não é uma pintura nova num carro velho, e sim um carro novo ainda sem pintura. O melhor da vida Cristã é podermos ser nós mesmos, sem capa, nem muros para proteger uma feiura em nosso íntimo (I Cor 15. 10/Mt 23. 25, 28). Jericó poderia ter sido um inimigo formidável, mas passou para a história como a cidade mais rápida a ser conquistada. Com um grito seus muros caíram e todas as suas riquezas foram pilhadas sem resistência (A história afirma que a cidade era bem frequentada por causa de um centro de adoração pagã que nela existia. No qual possivelmente Raabe era sacerdotisa, ou prostituta cultual. Profissão essa respeitada por sua nobreza na época). Aprendemos que a paz deve ser protegida por atitudes e não por aparências, que vale a pena estar pronto para lutar mesmo sem ter guerras em vista (I Pe 3. 15/II Tm 2. 15). Um dito popular diz: “Si vis pacem para bellum”. Quer dizer, “se queres a paz, prepara a guerra”. Alguns muros caem com menos de um grito, caem apenas com uma olhada mais detalhada (Mt 27. 18). 

Não vale a pena viver de aparência se não estamos no ramo da moda!

 

Ney Gomes – 4º Trimestre de 2005.  Twitter@neygms

"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10