A Exuberante Fábula do Ratinho Xan-xan. Fim!


A EXUBERANTE FÁBULA,
DA INCRÍVEL VIAGEM
DO RATINHO XAN-XAN.

PARTE final – A grande descoberta!

         Quando acordou estava só. Sem lua, sem montes e sem a Velha Coruja, cujo nome ninguém sabia pronunciar. Uma pequena e modesta estrada parecia que levava a algum lugar e ele foi, seguindo por esse caminho. Horas depois, viu um portal de pedras lisas, com os seguintes dizeres: “Vilarejo Realístico”. Ele entrou e viu muitos animais, mas não viu rato algum semelhante a ele. O lugar não era feio, mas não possuía encanto algum. Todo lugar em nada lembrava as lindas ‘Terras Teóricas’. Xan-xan andou por quase todo o dia, e a vila parecia não acabar, mas rato algum, semelhante a ele encontrou. Foi aí que ele viu, no pé da ponte, na beira do rio que cortava a cidade, um Elefante Branco sentado, tomando banho com sua própria tromba.
— Desculpe senhor, mas onde estou?
O Elefante Branco, sem pudor, ainda tomando banho e pelado disse:
— Você está nas Terras Práticas, Distrito de Laboratório, Vila Realística! Agora, se não se importa!
— Desculpe, não quis atrapalhar seu banho. Mas a verdade, é que nunca vi um Elefante Branco tomar banho, bichou algum, quero dizer!
— Vejo que você vem de Teoria, não é? Aqui verá, para seu bem ou para seu mal, muitas coisas que lá não existiam e não verá nunca mais as coisas que só existiam lá. Mesmo os nomes, aqui eles são diferentes, apesar de parecerem iguais. Os mais antigos dos antigos que aqui estão chamam esse lugar de ‘Realidade’. Mas, se quer saber algo mais, terá que trazer uns bons amendoins. Por que em Prática, ninguém dá nada para ninguém de graça!
— Onde vou encontrar esses amendoins? Perguntou Xan-xan, com aparente disposição de encontrar respostas.
— E como vou saber? Descubra você mesmo, andando por aí! Disse o Elefante, admirando seu reflexo no espelho d’água do rio.

        O dia já estava perto de acabar. Em Teoria, lembrou Xan-xan, ele sempre tinha o que comer e beber, por que todos os bichos da floresta eram bons. Mas era tarde e ele ainda estava com fome e com sede. Em Prática, ninguém ajuda ninguém, se em contra partida não tiver uma compensação devida. Lá nas “terras teóricas” Xan-xan tinha amigos, casa, roupas, comida e nenhuma necessidade. Mas em Laboratório, ele só valia o que tinha; o que poderia dar em troca. Naquele dia, ele não voltou ao Elefante Branco, não achou amendoins e dormiu no banco da praça de “Vila Realística”. Xan-xan não sabia, mas nunca mais deixaria Laboratório em toda a sua vida.

Xan-xan foi o primeiro ‘rato em Laboratório’, há entender na Prática, que a Teoria é bem diferente da Realidade. Mas para ele, já era tarde demais!


[ÚLTIMOPARÊNTESIS. PARA APRESENTAR O ELEFANTE BRANCO]

Ninguém sabe dizer quando, mas um dia, os Elefantes Brancos chegaram em “Prática”. Eles também vieram das “Terras Teóricas”, mas lá, eles não eram Brancos, eram criaturas bem amáveis e elegantemente simpáticas. Como explicar isso? Bicho algum sabia. Que em “Teoria” tudo era uma coisa, mas em “Prática” elas, às vezes, se tornavam em outra!
Felizes mesmo, são aqueles que não se deixam mudar no que não precisa ter mudança.

FIM.

Ney Gomes. - Twitter@neygms – 20/11/2017.

“Teólogos escrevem sobre Deus. Mas quanto aos poetas, só Deus sabe”.

Comentários

Postagens mais visitadas