Atualidades - Reminiscência de Sodoma e Gomorra.
REMINISCÊNCIA DE SODOMA.
Ló já não conseguia lembrar de toda a beleza que o atraiu para aquele lugar. Sodoma era como o ‘Jardim do Senhor’, linda, reverdejante e exalando prosperidade (Gn 13. 10).
Mais uma manhã já começava, uma chuva fina e quente anunciava que nada mais seria como antes. Ló cheirou seu braço molhado, a umidade tinha um leve odor de enxofre. Numa parede branca de cal, as gotas, agora mais intensas formavam um borrão escuro. Ló percebeu que a água caía misturada com cinzas.
No horizonte, o nascer do sol denunciava uma nuvem negra que não se movia, tão intensa, que os raios solares não lhe penetravam. De modo algum o anjo que lhe segurava pela mão parava, Ló não conseguiu enxergar todos os detalhes que procurava nas paisagens. Por um minuto teve a impressão de ver os borrões cinzas se movendo nas paredes, como demônios. Na sua frente, um anjo arrastava suas duas filhas, enquanto o outro segurava às mãos de sua mulher e as suas.
Mesmo com o nascer do sol a escuridão parecia querer resistir, dar combate, permanecer. O cheiro de enxofre só fazia crescer e o coração de Ló fora tomado por um enorme pavor, impossível de ser descrito. Eles já estavam quase do lado de fora dos muros da cidade, Ló levanta a cabeça, limpa seus olhos da chuva cheia de cinzas (como a água que sai cheia de resíduos de uma maquiagem que foi removida de um rosto) e vê como sua última lembrança de Sodoma essas inscrições, no muro da última casa, da última rua, logo na entrada da cidade:
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