A rica cultura
portuguesa define “alma penada” como a alma de pessoas que sofrem por
coisas que não conseguiram resolver em vida (fantasmas). É claro que isso é apenas um mito português, já que a Bíblia
afirma que morrendo, todos são
levados ao juízo de Deus (Hb 9. 27).
No entanto, Davi afirma que devemos temer “almas empenadas”.
O Salmo 51 é a sua suplica para não se tornar uma. Almas empenadas habitam em
corpos de pessoas que não se sentem resolvidas (v. 12). Uma alma pode ficar
cansada, abatida, desanimada. Mas nunca empenada, sob pena de danos impensáveis
há essa vida e a eternidade. O Salmo 51 contém uma das lições mais preciosas de
antropologia que
podemos receber de Davi.
Pensa
na vida uma humana como uma máquina de três peças, cujo a alma é a maior e mais importante. Ele recebe
o auxílio de duas outras peças que não devem nunca receber grandes danos. A
alma “empena” quando nosso interior deixa de ser o altar principal de nosso
viver com Deus (vs. 16, 17). Pense numa bicicleta com
as duas rodas empenadas? O quão difícil será para seu dono chegar em algum lugar com ela? É nessa
figura que Davi pinta o seu quadro (aqui, de bicicleta) no Salmo 51.
Imagine a alma como um computador que roda suas funções principais
sobre dois programas: o corpo (aqui
representado pelo coração) e o espírito.
No coração a alma roda os valores terrenos, ela traduz para si mesma a
linguagem natural. No coração a alma roda virtudes como fé. A fé é a virtude
necessária para não sermos aprisionados pelas implicações dessa vida (Sl 27.
3). No espírito a alma roda os valores eternos, ela traduz para si mesma a
linguagem invisível. No espírito a alma roda virtudes como esperança (I Sm 30. 6). A esperança é a virtude necessária para
não sermos amedrontados pelas implicações da vida vindoura (Sl 118. 17).
As três virtudes mais sagradas do Cristianismo são para
a saúde do homem. A fé é para o seu corpo, a esperança para o seu espírito e o AMOR para a sua alma. Logo, é errada a
afirmação de que o homem é dicotômico, pois são três as virtudes ditas, teologais.
A fé altera o que éramos, o amor sustenta o que somos e a esperança garante o
que vamos ser.
Sem um coração saudável a gente não desfruta da vida agora, do hoje. A depressão
(excesso de passado chegando n’alma)
é o mais evidente sintoma que um coração está empenado. Sem um espírito
saudável a gente não consegue desfrutar dos benefícios que são adiantados de
uma vida eterna. Sem coração a alma não descansa e sem espírito a alma não
confia. A ansiedade
(excesso de futuro incerto chegando na
alma) é o mais evidente sintoma de que um espírito está empenado.
Nessas relações, o amor denota alívio, leveza, descanso. Se a alma está empenada tão
gravemente como no caso de Davi, stress
é o que lhe resta, nocivo, danoso e venenoso. Estresse (é o agora acontecendo intoxicado) é o mais evidente sintoma que a
alma está empenada, talvez por depressão ou ansiedade. Davi reconhece a
gravidade de sua situação diante de Deus, ele entende que a si mesmo se colocou
ali, com a gravidade de seus pecados. O amor que
sustenta a saúde de sua alma está em sérios apuros (vs. 6, 7).
Davi pede tudo novo para Deus. Seu pecado de adultério e assassinato
deram perda total em seu coração
(seu mais importante elemento biográfico) e em seu espírito. Mas ele confiava
no amor de Deus e no amor que ele sentia por Deus. E é sempre disso que todas
as coisas se restauram quando à exemplo de Davi, tudo o que se deseja é um
relacionamento com Deus. O amor não deixa quebrar e conserta se for quebrado. O amor de Deus
nos leva para longe do pecado que empena a nossa alma (Jo 3. 16). O Apóstolo João em sua 1ª Carta vai investir muitas
palavras nesse assunto (I Jo 3. 1- 24). E
não é por isso que há no mundo tantas almas empenadas e penadas? Lembrem-se: melhor do que consertar é
não deixar ser quebrado!
Ney Gomes – 11/09/2022.
“Tudo o que
passou é experiência. O agora é relacionamento e o que está por vir é desafio”.
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