O PAI NOSSO E SEUS FILHOS ASSIM E ASSADOS.
“... Orem assim: "Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”. (Mateus 6. 9, 13 – NVI).
O incondicional amor de Deus fica bem claro na sentença “Pai nosso”. Não é o pai de alguns, não é o pai de um grupo, não é o pai de uma maioria, não é o pai de uma minoria. É o Pai de todos. Todavia sendo Deus um único pai para todos, é preciso reconhecer que os filhos são diferentes em si mesmos.
A declaração de Jesus na “oração modelo”
expressa fielmente o desejo de um pai de se relacionar com todos os seus filhos,
sabendo que para isso ele deverá usar ferramentas
diferentes. A oração do PAI
NOSSO é também carregada de uma preciosa revelação
antropológica, por meio dela somos informados que a humanidade
minimamente se divide em duas classes de homens: os ensinados e os adestrados.
O Pai tem um plano para todos os seus filhos, mas não pode usar com todos a mesma pedagogia. Os filhos ensináveis aprendem por modelagem [osmose], esses são capazes de ouvir e guardar, de ver e copiar, de serem ensinados e praticar (Pv 19. 25). Sua natureza está descrita na sentença “perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos os nossos devedores”. Isso é, aquilo que vemos o Pai fazer somos capazes de fazer também (Pv 17. 10). Rogamos ao Pai que derrame sobre nós aquilo que dele aprendemos. Seu perdão Sua graça, Sua misericórdia, Sua bondade e as demais coisas, que dEle copiamos apenas pela observação (Jo 14. 17 e 26).
Mas nem todos os filhos são ensináveis, alguns homens carregam em seus corações uma enorme carga de tolice, que não pode ser alterada pela ferramenta do ensino (Pv 26. 3). Certos trabalhos para serem executados necessitam de ferramentas mais pesadas. Pessoas adestradas apenas são capazes de aprender por meio das circunstâncias difíceis, dos acontecimentos carregados de tristeza e de certa tragédia. Alguns só conseguem aprender algo quando levados ao limite de sua natureza e de suas paixões. Pessoas ensináveis aprendem por meio de palavras, mas não é o mesmo que acontece com os adestráveis [neologismo meu]. Esses, que precisam ser confrontados em sua natureza mais terrena, animal e primitiva. Um cavalo ou uma mula não pode aprender se não por meio de um chicote, de uma corda e de uma rotina cheia de ciclos de exaustão.
O pai tem filhos assim e assados. E nessa reunião familiar nós é que devemos escolher em qual dos dois grupos seremos reconhecidos. A preocupação de pessoas espirituais é sempre ser encontrada no grupo dos filhos ensináveis. Davi, um milênio [931-722 a.C.] antes da vinda de Jesus já expressava essa preocupação, que nos é revelada em um de seus mais preciosos poemas, o Salmo 32: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti. O ímpio tem muitas dores, mas àquele que confia no Senhor a misericórdia o cercará”.
Não é de se admirar que algo tão precioso esteja escondido dentro de uma oração tão simples. Afinal, é dever exclusivo do pai ensinar [com as melhores coisas] os seus filhos a viver, e revelar para eles a natureza que lhe será um auxílio ou uma oposição (Sl 32. 8). O Pai ama todos os seus filhos e quer que todos aprendam, e deve ser nossa a preocupação [como filhos] de estar no melhor lugar para que isso aconteça. Onde você se encontra hoje? Você é um filho que se ensina ou um filho que se adestra? Essa resposta continua fazendo toda a diferença para a nossa caminhada rumo a uma há vida abundante e a eternidade.
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