Escatologia - O Filho Pródigo e Globalista.
“E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe,
viu-o seu pai, e se moveu
de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou”.
(Lc 15. 20 - ACF)
Por toda a Bíblia, em todos os livros, por quase todos os lugares, é possível encontrar um pouco do começo e um pouco do fim. Além das montanhas da salvação, é possível ver um vale subjetivo cheio de mensagens éticas, morais, poéticas e proféticas. Mensagens que nos descrevem como tudo começou e como tudo vai terminar.
Debaixo das camadas de compaixão, amor e misericórdia tão bem descritas na parábola do “filho pródigo”, podemos encontrar uma pintura muito bem-feita da sociedade que testemunhará a vinda de Jesus. Essa igreja assistirá o renascimento do nacionalismo nos corações e a falência do idealismo globalista como hoje se nos está apresentado.
A pintura
nos revela
a imagem temporal nos dois filhos: O mais novo é o globalista apressado e o mais velho é o nacionalista tardio. A Parábola começa anunciando que a
ideia globalista é fantasiosa, custosa,
facciosa, perigosa e temporariamente deliciosa. O globalismo parece promover algum
tipo de prazer, mas esse mesmo é por si só incapaz de resistir aos dias maus e
aos acontecimentos fora do roteiro escrito. A mais poderosa mensagem evangélica
embutida na filosofia do filho mais novo é a de que não existe alegria verdadeira em se colocar
o mundo no coração (Tg 4. 4).
O filho mais novo mal havia desfrutado de sua identidade e já se apressava para construir uma nova, com mais mundo, mais horizonte e mais conhecimento. Uma ferramenta usada de maneira errada pode nos fazer acreditar que não somos bons profissionais e o mesmo acontece com as identidades. Se não usamos bem o que somos, é fácil acreditar que somos maus: maus pais, filhos, irmãos e cidadãos. Diante disso, não seria estranho que nascesse em nós um desejo de ir embora para qualquer outro lugar onde a identidade não fosse fator fundamental para a felicidade. É evidente que não podemos ter medo de mudar, mudar é algo que precisa acontecer quando é preciso. Todavia, mudar apenas por mudar não traz ao coração cargas de coragem. Por vezes, só faz de alguém um covarde em terra estrangeira.
O “globalismo” é ao mesmo tempo bem descrito e reprovável nessa parábola. O seu coração são as relações comerciais, aqui, bem descritas pela palavra prostituição. A prostituição é uma das formas mais primitivas de comércio. Ela tem como efeito imediato o rebaixamento da condição humana, a perda de dignidade e a ausência do propósito. Essas três coisas são exemplarmente reveladas na palavra “porco”. Um judeu piedoso e temente a Deus sabia exatamente o que aquela imagem significava para o viver. Não é preciso ter um Q.I. de Nicola Tesla, Thomas Edison ou Albert Eistein para entender que era sobre nossos dias que Jesus falava em sua parábola.
A alma da parábola do filho perdulário é o redescobrimento da capacidade de trazer dignidade a vida humana presente no nacionalismo (v. 17). O filho mais novo, agora não tão novo assim, entende tardiamente que em casa o pouco é muito e que longe de casa o muito é pouco ou quase nada. As nações fazem comércio desde que o mundo é mundo, mas quando esse comércio seduz as nossas almas, isso é globalismo. Globalismo é o comércio que não nos permite voltar para casa com mais do que aquilo que levamos para trocar ou vender.
Tão trágico quanto o globalismo é um nacionalismo que não funciona (I Rs 4. 25). A América do Sul em sua maioria vive essa realidade hoje. Homens e mulheres que não tem com o que se alegrar e por que se alegrar quando algo tem. Um nacionalismo escangalhado produz indivíduos sem empatia, dignidade e cidadania, gente que ouve a música e não sabe dançar. O filho mais velho não conseguia criar para si mesmo uma simples meritocracia (v. 31). E quem não cria sua própria felicidade não entende a felicidade dos outros quando a vê. O Estado não deve criar políticas de felicidade, mas não deve criar políticas que me façam acreditar que eu não tenho o direito de vive-la se a encontrar. Os fundadores dos EUA parecem deixar registrado em sua constituição que entenderam algo dessa parábola.
No nacionalismo é importante que eu me alegre com a felicidade do outro, tal coisa é chamada por nós de fraternidade. Fraternidade é em essência nacionalista, como bem descreve a parábola em seu anúncio reverso: “E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe
dava nada”. (v. 16). O filho mais novo ignorava que o prêmio vem do trabalho e o mais velho ignorava que depois do trabalho vem o prêmio. Um globalismo que dá certo tem o mesmo peso de fracasso de um nacionalismo quebrado e esse equilíbrio o satanás tem se esforçado para manter. O ocidente precisa reconstruir um nacionalismo fraterno, meritocrático, compassivo e solidário.
O globalismo é maligno (você precisa mesmo ler Apocalipse 18) por que agora ele quer colocar os porcos em nosso quintal, as prostitutas
e as bebidas em nossas mesas (e hoje, ele tem bem mais ferramentas para isso que no passado).
No entanto, seu sucesso para acontecer precisa de filhos quebrados e não é difícil de encontrar nações inteiras com
filhos assim, não abaixo da linha do Equador. Nossos esforços devem ser para
fazer o nacionalismo (esse, banhado pela
vida do Evangelho) dar certo para todas as nações. Não há prosperidade
verdadeira no globalismo, apenas uma falsa
diversão, nele não há anel de ouro, sandálias nos pés e bezerro cevado (vs.
22, 23).
Há muitas ideias no mundo, sobrevivendo sem que, contudo, tenham de fato substância para a saúde de corações e o globalismo é uma dessas. A parábola declara frágil a visão de mundo do filho mais novo: “... Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado”. E declara também ser melhor consertar um nacionalismo quebrado do que adquirir um globalismo novíssimo: “Mas ele se indignou, e não queria entrar. E saindo o pai, instava com ele”. Não é por acaso que as três parábolas de Lucas 15 tem o mesmo desfecho: felicidade que acontece em casa.
Mas o Pai tem uma única mensagem para todos aqueles que observam essa graciosa parábola: de que é preciso fortalecer as felicidades domésticas, por que aquele que é feliz dentro de casa é como um homem que conquistou o mundo!
“...
E quando veio, e chegou perto de casa,
ouviu a música e as danças (...) Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro
cevado, porque o recebeu são e salvo”.
Ney Gomes – 07/02/2022. Twitter@neygms
"Se
trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus
vivo." 1 Timóteo 4.10
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