Salmo 23 - O Conhecimento de Davi (verso 01).

 SALMO 23. O CONHECIMENTO DE DAVI.

v. 1 – Sobre Pessoas. 

Desde que o mundo é mundo, animais são usados para representar o que somos, o que desejamos, o que cremos. Esse desejo de se fazer representado, de se enxergar, de se fazer compreendido por figuras animais nos acompanham desde os primeiros dias da humanidade e se chama “animismo”. Ela pode ser vista em lendas indígenas, em literaturas europeias, mitologias asiáticas, em histórias da colonização americana, nas produções fantásticas da Disney e em todo lugar por onde homens tenham habitado. Sempre que um ser humano interage com um animal com igualdade isso é “animismo”. Yuval Noah Harari fala disso de modo incomparável em seu livro HOMO DEUS

Harari é fantástico em nos falar dessa relação homem e animal. Mas é um outro judeu que abre caminho para a gente entender isso na prática. Seu nome é Davi, e ele é Rei de Israel.

 


Faz parte da natureza humana procurar por sinais que facilitem nossa vida em todos os aspectos. A gente busca esses sinais para nos unir a outras pessoas, evitar enormes perdas, buscar conforto emocional e alcançar favor diante de outras oportunidades. Já parou para pensar no serviço benéfico que as redes sociais fazem a humanidade? Eles nos ajudam a compreender o outro e criam facilidades para relacionamentos e comércios. Elas ajudam a entender – como o Salmo 23 – o que poderemos encontrar a frente numa relação com o outro. Numa associação com Davi, era quase dado por certo que a pessoa encontraria “bondade e misericórdia”. A primeira declaração do Salmo 23 é como um avatar, um perfil de facebook ou instagram. Se o Salmo 23 fosse uma página de perfil pessoal a foto vista no perfil de Davi seria a de uma ovelha

UMA IMAGEM, UMA MENSAGEM, UM FUTURO. 


Ao escolher se apresentar com a imagem de uma ovelha, Davi dá um claro recado ao seu povo. Um recado cheio de paz e simbologia, de que ele era um homem de paz, que seu coração buscava com todos, o sossego. Um homem pode ser definido por suas crenças projetadas e quando se fala de homens, crenças sempre serão importantes. No geral, a crença pode nos fazer entender o quanto de bondade e paz uma pessoa pode investir em seus relacionamentos (assunto do v. 5). Num mundo com poucos sinais visuais e nenhuma rede de informação global de velocidade 5G, a crença projetada em símbolos sempre foi poderosa para nos ajudar na construção de caminhos. Me faltaria tempo para falar de “Power Rangers, Game Of Trones” e etcetal. A vida real não suporta em si mesma uma quantidade grande de mistérios. 

A crença definia relacionamentos pessoais, de estado e de guerras. Poderia se dizer de uma pessoa o quanto ela amava a paz ou a guerra, pelo tipo de relação que ela descrevia ter com seu deus. Em “A Cruz de Cristo”, Jonh Stott vai dizer que no Império Romano a adoração era uma questão que ia até à segurança nacional. As pessoas que em nada criam eram consideradas nocivas, um ponto cego perigoso. Gente incrédula, no pensamento de Davi significava um “tarde demais”. Na teologia de Davi, onde há temor de Deus há espaço para mudanças positivas. Ele viveu isso com os homens que lhe foram ao encontro na caverna de Adulão. Para Davi a falta de fé só representava perigos e danos, que nem sempre eram identificados a tempo. Verdade essa que ele deixa claro no Salmo 14. 1, quando diz: “Os tolos dizem em seu coração: Não há Deus. São (condição essa de quem está vazio de Deus por dentro) corruptos e praticam o mal; nenhum deles faz o bem”. Tal condição de incredulidade foi devidamente investigada por Davi ao longo de sua vida e amplamente registrada. Os Salmos 11, 12, 13 e 14 são preciosos registros dessa investigação. 

Devemos lembrar que Sodoma (e Gomorra) implantou com sucesso uma agenda liberal, onde a religião foi banida e igualmente seus símbolos. Entrar em Sodoma era como dirigir numa estrada sem sinalizações de qualquer espécie. Uma cidade para não se saber o que esperar e para não se chegar a lugar algum. Essa atitude de Sodoma significava um avanço “humano” fantástico para a época. Lá, cidadãos de bem, bandidos e pessoas sexualmente desajustadas possuíam o mesmo valor e direito e todas elas eram protegidas pelo valor do anonimato. Essas coisas significavam uma inovadora tecnologia relacional, na qual os habitantes colocavam toda a sua fé natural. 

Mas então, Deus detestou àquela agenda e destruiu aquela civilização tão liberal, iluminada e avançada em seus dispositivos constitucionais (Gn 19. 5). Não houve símbolos que ajudassem os habitantes de Babel no que dizia respeito às suas ambições. Sua ausência os colocou em perigo, ao não entenderem que não se podia invadir as competências de Deus. Os céus pertencem ao SENHOR (Sl 115. 16). Um símbolo os ajudaria a entender que eles teriam mais sucesso em uma ponte, ao invés de uma torre! 

Quando escolheu a imagem de uma ovelha para se definir como rei, Davi escolheu mandar a mensagem que é preciso ter um coração ensinável para se progredir. Séculos e séculos depois de sua decisão, se é possível ver o fruto disso no povo de Israel. Na ciência, na economia, nas inovações e em todo o legado humano que os judeus têm deixado pelo mundo. Um povo que se inventou, reinventou e mudou a história da humanidade. Em seu avatar, Davi construiu a história de seu povo e a poderosa transformação que isso sempre provoca. Os leões, os ursos, os leopardos e as bestas escolhidas outrora como símbolos de outros governos, desapareceram (Dn 7). Mas a ovelha que Davi escolheu é que no fim de tudo se tornou no poderoso Leão da tribo de Judá. 

Ao escolher a imagem de uma ovelha para ser a sua foto oficial na história da humanidade, Davi anunciou que seu reinado seria diferente! Escolher como queremos ser vistos ainda é muito importante para os relacionamentos. Para Deus e para as pessoas ao nosso redor.  Qual o signo que você escolheu? 

 


SOBREVIVER É TER CERTEZAS.

Então conheceu Saul a voz de Davi, e disse: 
Não é esta a tua voz, meu filho Davi? (I Sm 26. 17)
 

Sobreviver é ter certezas e não dúvidas. Em certa altura de sua história com Saul Davi teve certeza que o coração do rei abrigava muito mais de remorso do que de arrependimento. Isso foi fator determinante para ele continuar vivo. Como bem sabemos certas espécies de bichos quando possível comem suas crias ao nascer, tanto machos quanto fêmeas. Não impressionou Davi o fato de Saul lhe chamar de “filho”, pois ele bem sabia ser esse o caso. Saul já tinha colocado seu coração em “modo incorrigível”, estado esse em que palavras são apenas palavras. 

Sobreviver não se trata de conhecer palavras, mas pessoas. Davi era poeta, amava os versos, as canções, as composições. Mas foi por conhecer pessoas que ele sobreviveu, e com a gente vai ser da mesmíssima maneira. “Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, algum dia ainda perecerei pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar apressadamente...” (I Sm 27. 1) 

Entenda: quem vive de palavras é dono de gráfica!

 

Ney Gomes é o autor do BLOG ‘Grãos de Entendimento’,
um trabalho de 14 anos, com mais de MIL poesias/textos publicados.
Também é o autor dos livros “Êxito Sobre os Desertos 1 e 2”.
16/12/
2018 – Twitter@neygms

 “Tudo o que passou é experiência. O agora é relacionamento e o que está por vir é desafio”.



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