MARCOS E OS ENIGMAS DE SEU EVANGELHO (1D\2).
CEGUEIRA SILENCIOSA.
MARCOS E OS ENIGMAS DE SEU EVANGELHO (1D\2).
“E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele”. (Mc 7. 32 – ACF).
Se aceitamos oferecer algo que não temos em abundância, o faremos sob o risco de fazer mal e fazer com dano. Isso acontece com os sentimentos, isso acontece com as palavras. Houve um homem enviado de Deus, esse homem se chamava Jesus de Nazaré, ele levava abundância por todos os lugares por que passava. Ele não só nos tirou das trevas e nos trouxe para a maravilhosa luz do Pai, como nos tirou das ‘dificuldades’ e nos trouxe para a abundância das riquezas de sua vida (Cl 1. 13). ‘Dificuldade’ é a palavra que define nossa proximidade com qualquer escassez. Ela marca a ausência da plenitude que é necessária para o bem de certas coisas (Pv 24. 10).
Em Decápolis havia um homem de quem todos exigiam o impossível. O diálogo por vezes, pode provocar muitas dores na alma de uma pessoa. Principalmente quando uma das partes não tem as palavras que são exigidas. Havia esse homem, surdo, de quem as pessoas – em seu próprio egoísmo – exigiam palavras em abundância. O silêncio é para a alma como a cegueira é para os olhos. E as pessoas exigiam daquele homem, desde sua meninice, que ele desse o que nunca teve: um vocabulário. Exigir de um surdo um vocabulário é o mesmo que exigir de um cego que ele faça distinção das cores de um semáforo.
Não é por acaso que naqueles dias Jesus vivia em suspirar. O que ele presenciava era o impossível: pessoas com deficiências sendo levadas a viver nos limites. Eu acho que Jesus suspira muito mais hoje do que naqueles dias!
Se por um lado há pessoas que não sabem falar, por outro há as que não sabem ouvir. E esses dois tipos quando se encontram produzem tragédias impensáveis: “E ordenou-lhes que a ninguém o dissessem; mas, quanto mais lhes proibia, tanto mais o divulgavam”. Hoje, nações, ONG’s, associações, organizações e igrejas perderam o diálogo. Um encontro infernal é o que assistimos hoje em escala global. Gente que não sabe falar se encontrando com gente que não sabe ouvir, exigindo umas das outras o que ninguém tem para oferecer. Os partidos políticos se tornaram em verdadeiras convenções de “surdo e mudos”.
No Evangelho de Marcos a cegueira é descrita como tudo o que é fruto de um coração endurecido: olhos que não enxergam, ouvidos que não ouvem e bocas que não falam (Mc 8. 17, 18). E o caos é quando damos a esses cegos a liderança dos povos, das nações, do mundo! Sempre haverá alguém sofrendo onde um outro alguém oferece algo de seus limites e não de sua abundância. Me arrisco a afirmar que as pessoas que trouxeram o surdo-gago-mudo a Jesus pensavam em acabar muito mais com o sofrimento delas, do que necessariamente do homem que conduziam.
Naquele dia, Jesus deu ao homem o maior poder que o céu pode nos dar: o ter uma vida comum; falar e ouvir perfeitamente. O ser capaz de viver diálogos abundantes. Almas como a de Gamaliel e de Voltaire foram comuns e por isso, mudaram gerações. Eles falavam perfeitamente do poder dos diálogos que são estabelecidos por pessoas comuns. E existe algo mais sobrenatural do que gente comum, falando e ouvindo coisas comuns¿ “E logo se abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente”.
Foi G. K. Chesterton que disse: “A coisa mais extraordinária (sobrenatural) do mundo é um homem comum, sua mulher comum, e seus filhos comuns”. Jesus fez centenas de milagres, sinais e maravilhas, para que as pessoas afetadas tivessem uma vida comum. Apenas uma vida comum! “Jesus, porém, não lhe permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti”. (Mc 5. 19)
E quem tem coração saudável, que veja e ouça isso!
Ney Gomes – 10/10/2020. Twitter@neygms
"Se trabalhamos e
lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo
4.10
O maior entendimento que possamos vir a ter em DEUS PAI, é a obediência e o conhecer do seu amor profundo sobre nós.
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