Especial Davi e Saul - Assassinatos de Reputação!


BATALHAS PRIVADAS E DANOS PÚBLICOS.
[Histórias secretas do coração de Saul]


Se surpreenda com devocionais que vão INSPIRAR seu coração.
COMPRE meu livro direto da editora, AQUI.

Qual história é tão explorada hoje como a história de Davi e Golias? A vitória do inesperado, do improvável, do azarão! De que a coragem, ainda que inexperiente sempre terá lugar na história dos homens e de suas culturas.

Mas há essa outra história, tão necessária de ser contada nesses dias, nesse presente século. A história que fala de “assassinatos de reputação”, do ciúme, da inveja em desespero e da maneira não saudável de lidar com isso: a história de Saul. De reis, chefes, senhores, patrões, pastores e pessoas em posição de poder e autoridade.

Saul e sua história de não conseguir suportar a ascensão de Davi, seguramente, nos ajuda a construir um perfil que nos faz entender o quão danoso é o poder dos ciúmes e de seus pares. Pessoas com tal grau de malignidade tem um jeito muito privado de acontecer. Gente como Saul trabalha construindo narrativas privadas com a intenção única de tirar de seus desafetos um erro público.

Deus amava Davi, Saul reconhecia isso, o palácio reconhecia isso, o povo reconhecia isso. Não era uma coisa que dava para ‘des-reconhecer’ tão facilmente. Assassinar reputações não é como assassinatos comuns. Nesse, a pessoa só morre se a sua fama morrer também. E a fama – sabem os que não são tolos – nunca morre de morte morrida.
Saul passou um bom tempo arquitetando um plano que parecia ser infalível, impossível de dar errado (Pv 28 22). Uma ‘narrativa’ que pudesse destruir o que Davi significava, um caminho que conduziria Davi ao erro público. O Imperador Júlio César dava moedas para homens vadios contarem histórias mentirosas sobre senadores romanos que lhe faziam oposição. Depois, ele tratava com eles publicamente, auxiliado por essas mentiras quando já circulavam por toda Roma.

Parece que choveu gente como Saul no mundo! E não dá simplesmente para esperar ela passar. A gente precisa trabalhar, viver, seguir em frente. Esse #devocional é para te ajudar a entender a mente de pessoas assim. Anos atrás, prometi a mim mesmo, que sempre que possível, tentaria ajudar outras pessoas, naquilo que eu mesmo não tive ajuda. Como você pode ver, eu ainda me esforço para cumprir minha palavra!

Faça uma excelente leitura!


A AMEAÇA INFANTIL.
“E Saul atirou com a lança, dizendo: Encravarei a Davi na parede.
Porém Davi se desviou dele por duas vezes”. (18. 11)

Saul era um rei soldado. Um homem experimentado em batalhas, que tinha nas costas conflitos com amalequitas e filisteus. Sabia manejar uma espada, um arco e uma lança. O plano na sala de música era fazer Davi revidar, se defender. Se ele quisesse matar Davi duas lanças não seriam necessárias. E se tudo desse errado, ele ainda poderia culpar o demônio que lhe atormentava. E para fins de tristeza, foi isso mesmo que lhe restou! Davi percebeu as lanças como que em “slow motion”, e sabia que havia um plano mais rápido acontecendo por detrás de tudo. Davi enxergou a narrativa sendo construída com as pseudolanças ameaçadoras. Quanto a Saul, ele enxergou que uma mente superior estava guiando Davi (v. 12).

Se uma narrativa privada der errado, tente outra!


A BATALHA DAS DONZELAS.
“Por isso Saul disse a Davi: Eis que Merabe, minha filha mais velha, te darei por mulher (...) Mas Mical, a outra filha de Saul amava a Davi; o que, sendo anunciado a Saul, pareceu isto bom aos seus olhos. (...) Pelo que Saul disse a Davi: Com a outra serás hoje meu genro”. (18. 17, 20 e 21 – trechos)

Ora, como a narrativa das lanças não deu certo, era preciso lançar mão de algo mais elaborado. Algo como um arsenal inteiro acontecendo ao vivo, um caldeirão de carne humana. Mas o que fazer para Davi aceitar pular nessa panela? Merabe! Ela era a sobremesa que Saul esperava não ver Davi saborear. Saul já preparava o luto por Davi, quando ouviu a trombeta que anunciava a volta dos vencedores. Não lhe restou outra coisa que não fosse dar a Davi uma indigestão tão intensa quanto a que ele experimentava. Deu Merabe em casamento a outro homem.
Naquela noite Saul e Davi dormiram a base de “chá de boldo”.

Bem, quem tem duas filhas pode tentar o plano duas vezes!


MICAL, DUZENTAS VIÚVAS E NENHUM RESULTADO.
“Então Davi se levantou, e partiu com os seus homens, e feriu dentre os filisteus duzentos homens, e Davi trouxe os seus prepúcios, e os entregou todos ao rei, para que fosse genro do rei; então Saul lhe deu por mulher a sua filha”. (18. 27)

Depois de ver falhar a narrativa nupcial de Merabe, Saul pensou: talvez tenha sido sorte! Recalculando as variáveis, Saul elabora um segundo plano mais agressivo. Para isso, ele diz querer cem prepúcios de filisteus, arrancados pelo próprio Davi, como dote por sua filha Mical. Tudo isso, que envolvia Merabe e Mical era feito em segredo, com poucas vozes e poucos ouvidos. Caso Davi morresse, se desse certo o plano, essas bocas e ouvidos deveriam morrer com ele, para validar a narrativa desejada. Anos mais tarde, Davi reconhece que não pode ser boa coisa um rei que ouve poucas vozes: “Quando não há conselhos os planos se dispersam, mas havendo muitos conselheiros eles
se firmam”
(Pv 15. 22). Reordenado os cálculos da trajetória, o plano, agora, parecia ser infalível. Mas espere! Quem vem lá, como que saltando pelos montes? Ora, é Davi! Com ele, um saco contendo duzentos prepúcios de filisteus!

Dizem que o casamento de Davi e Mical foi lindo, mas que o sogro não parecia estar feliz! “... E Davi trouxe os seus prepúcios, e os entregou todos ao rei, para que fosse genro do rei; então Saul lhe deu por mulher a sua filha”. (I Sm 18. 27).


[PARÊNTESES]
DAVI. E UM SONHO DE CARNAVAL.
“Escreveu na carta, dizendo: Ponde a Urias na frente da maior força da peleja; e retirai-vos de detrás dele, para que seja ferido e morra”. (II Sm 11. 15)

Uma considerável quantidade de horas já havia corrido por de baixo da ponte do tempo. Davi já era rei, e o passado parecia ter sido só um pesadelo. Mas, num certo dia, Davi teve esse sonho estranho: sonhou que ele mesmo era Saul, que podia mandar matar e morrer sem que Deus com isso se importasse. Era um sonho de carnaval, onde ele se vestia de rei mau para fazer travessuras. Quando estava diante de Urias, uma espécie de herói nacional, um tipo que ele bem conhecia, pensou: então! Isso que é ser Saul!
Que apoteose horrorosa! Deus pensou. A música lhe era péssima e a fantasia, pior ainda! Ele desceu e deu em Davi uma quarta-feira de cinzas. E que cinzas! Por muitas quartas-feiras Davi se lembrou delas!


DE VOLTA A PRANCHETA DE PROJETOS!
“Não peque o rei contra seu servo Davi, porque ele não pecou contra ti,
e porque os seus feitos te são muito bons”. (19. 4)

Sem mais filhas e vendo o fracasso de suas estratégias, Saul voltou ao primeiro plano. Aquele que envolvia o ‘arremesso’ de lanças. Matar Davi envolvia a construção de uma narrativa privada, por isso, ainda que publicamente outros planos pudessem dar certo, eles não eram válidos por causa da exposição de suas intenções. Saul não viu outra alternativa que não fosse essa de contar consigo mesmo. Envolver ‘mais’ terceiros significava a perda de seu status e o controle das narrativas.



QUEM NUNCA CONHECEU UM SAUL?
“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho;
e não amaram as suas vidas até à morte. (Ap 12. 11)

Eu mesmo conheci Saul faz alguns poucos anos. Um pastor, mestre em intrigas de corredores e acusações de púlpito. Robert Browning (1812-1889), poeta e dramaturgo inglês desvenda bem o comportamento de alguém assim. Gente assim quer ser respeitável custe o que custar. Browning diz: “O demônio é mais diabólico quando é respeitável.” Encontre alguém muito preocupado com sua honra e sua fama e veja que por detrás dessa pessoa, há uma altíssima chance de haver um diabo extremamente diabólico (Ap 12. 11).
Saul é a personificação de um espírito manipulador da pior espécie, que conta com a cooperação de mentes fracas, corações cobiçosos de poder e devoção cega. Esse pastor após seus trabalhos de intrigas e contendas, podia fazer você ficar contra Daniel e a favor dos leões. Um papo dele e lá estava você, no grupo de obreiros defendendo a inocência e pureza da mulher de Potifar. Pedindo que José fosse lançado na cova dos “Daniel”.
Infelizmente, não saí dessa experiência sem dores. Fui obrigado a enfrentar as bestas-feras de Éfeso e agora, sei tudo sobre gente como Saul, vacina antirrábica e tango argentino.


UMA ÚLTIMA BALA!
“E Saul deu ouvidos à voz de Jônatas, e jurou Saul:
Vive o SENHOR, que não morrerá”. (19. 6)

O desespero acompanha de perto aquilo que insiste em não dar certo. Nessas alturas dos fatos, Saul e o Desespero já eram amigos íntimos. Davi levava dia após outro, aquilo que Saul achava ser só dele: O amor do povo, o reconhecimento dos soldados, o protagonismo das histórias de batalhas e até mesmo, o amor de seus familiares. Não eram bons dias para Saul, aos seus próprios olhos! Em sua mesa real, lhe acompanhavam agora nas refeições, o Ciúme e o Desespero. Personae Non Gratae em qualquer lugar frequentado por gente de bem. Saul corria sérios riscos de ser exposto, algo já soava estranho aos olhos dos palacianos e serviçais. Era preciso agir rápido, mesmo que uma lança acertasse sem querer as máscaras de suas intenções!
Era preciso abandonar os pudores! Saul sabia bem como fazer isso, qualquer Saul o sabe! Na hora de gastar o dinheiro da igreja indevidamente, em roupas, bens pessoais, viagens caras e congressos desnecessários, gente como Saul é imbatível. Ele dizia para si mesmo: sou o rei! Deus me escolheu! É tudo meu! Sou um velho Zagalo! Tudo parecia tão igual ao que era antes! Saul em seu trono e Davi tocando a harpa. Um feliz Déjà-vu que Saul pretendia não desperdiçar com fracas estratégias. Nessas alturas dos acontecimentos – e eles não foram poucos – Saul não era mais um pavão misterioso aos olhos de Davi. O ‘agora jovem príncipe’ já tinha lido metade do livro, sabedor de quem era meio herói, meio vilão.




EM FRENTE AO LOTE QUATORZE*.
“E tornou a haver guerra; e saiu Davi, e pelejou contra os filisteus,
e feriu-os com grande matança...” (19. 8)

Dias antes de estar diante de Saul com sua harpa, Davi estava no campo de batalha com sua espada em punho contra os filisteus, num dos mais ferozes conflitos que já existiu em seus dias (19. 8). Os filisteus não mais propunham batalhas simétricas desde os dias de Golias. Era preciso vencer palmo a palmo, acre por acre. Com tantas batalhas, metro por metro, Davi gravou a expressão dos inimigos, como é ter alguém que te detesta olhando para você. Essa sensação misturada com a memória do sangue e da carne transpassada não deixa você desligar tão facilmente. Davi estava no palácio, mas seus sentimentos e suas reações ainda eram escravos de qualquer movimento brusco.

Então, de repente, o som de sua harpa foi interrompido por um estrépito e ele se esquivou. O som ruidoso da lança cravada na parede despertou o soldado que dormia dentro do súdito. E quando Davi olhou para frente, viu a conhecida expressão de ódio dos rostos filisteus em Saul. Nada mais era oculto, nada mais estava escondido. A lança, dessa vez, foi arremessada de verdade, sem intenções subjetivas. Tudo estava claro como um dia de sol no deserto. Davi podia até mesmo ver o Ciúme e o Desespero que acompanhavam Saul lado a lado. Sobre sentimentos que nos acompanham, Davi escreveu tempos depois, falando de suas escolhas, frente a experiência que teve com Saul: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida...” (Sl 23. 6).

“E se lembrou de quando era uma criança, e de tudo o que vivera até ali”. Dessa vez, era sério! Saul não arremessou a lança, mas a trouxe junto a Davi, e esse pode ver a expressão de seu rosto. Não era mais uma atitude privada, era agora uma via-crucis, um circo, o suficiente para Davi ver todo o espetáculo nefasto do coração de Saul e fugir. Davi fugiu e continuou fugindo por todos os dias da vida de Saul, até que essa chegasse ao fim. E é com Davi, que aprendemos que existe um só modo de não ser vitimado por narrativas privadas. E é fugindo PUBLICAMENTE.



PARA VENCER SAUL E ASSOCIADOS EM DIAS ATUAIS.
“Mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe” (III Jo 1. 9)

Destruir Davi foi um plano de Saul que envolveu conspirações palacianas, cercos domésticos e muitas narrativas em privado. Mas tudo isso não deu certo por conta de dois fatores: A presença de Deus e a prudência de Davi. Essas duas coisas ainda são necessárias para lidar com gente do calibre de Saul. Narrativas privadas precisam ser seduzidas para a arena pública. Máscaras só pode sem arrancadas com paciência. Gente como Saul na igreja ou na política detesta a publicidade. Não por acaso que se debate hoje sobre a regulamentação das redes sociais. Pois são elas que permitem gente comum não ser facilmente vitimada por poderosas organizações que trabalham nas sombras, sob uma poderosa camada de privacidade, números e siglas.

Saul tentou matar Davi por cinco vezes dentro do ambiente privado. Herodes tentou tal coisa secreta contra Jesus em seu nascimento. Diótrefes tentava impedir a entrada de João em sua comunidade. Antes de vencer as batalhas públicas, você terá que resistir diante das privadas. Davi aprendeu que as pessoas mais nocivas são aquelas que guardam sua maldade no secreto, que mantem intenso dialogo dentro de si: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus” (Sl 14. 1). Sobre tais investigações de Davi, ele deixa registrado algo precioso nos Salmos 10, 11, 12, 13 e 14. Já bem dizia William Shakespeare: “Cuidado com as pessoas. Elas não falam tudo o que pensam e nem sempre sentem tudo o que falam”.



Ney Gomes é o autor do BLOG Grãos de Entendimento,
um trabalho de 13 anos, com mais de 840 textos publicados.
Também é o autor de “Êxito Sobre os Desertos”,
livro publicado pela editora Reflexão em 2017.
02/11/2019 – Twitter@neygms
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10
*Referência a música do Legião Urbana, “Faroeste Caboclo”.



Comentários

Postagens mais visitadas