Estudo - A Mecanicidade do Perdão.
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A MECANICIDADE DO PERDÃO.
(Col 3. 12- 14)
OS
TEMAS MAIS CAROS DO CRISTIANISMO.
Paulo vai tratar aqui de quatro temas dos mais caros da cristandade.
São caros, por que a sua não observância dá prejuízos impensáveis a vida da
igreja. E são eles: carnalidade, mentira, acepção e inimizade. Mas que ninguém pense
que pode fazer isso de suas próprias virtudes. Paulo nos assegura que isso só é
possível por causa da vida de Cristo, ofertada por nós na Cruz (1- 4). É Ele (e
somente Ele) que torna as virtudes possíveis de serem realizadas
em nossa vida. E essa possibilidade quando não observada joga a igreja numa
atmosfera terrena e pobre de valores (Ef 5. 8, 9).
Paulo trata disso em 3 palavras: Morte, Vida e Ressurreição. Isso
é, estávamos no caixão de uma existência inútil (morte), fomos despertos (vida)
e saímos do túmulo, buraco, cova, gaveta ou como queira chamar! (ressurreição).
Ressurreição é a prática da virtude,
é essa vida de Cristo em ação. Do que adianta ressuscitar e permanecer deitado
no caixão (morte e vida ao mesmo tempo).
Uma parte absurda da cristandade parece ainda não ter sido ensinada sobre o
valor disso. Uma vida sem o valor da ressurreição é como alguém que ama o filme
“Ghost”, que se encanta com a
história de amor de Sam e Molly, mas que depois que Sam morre, torce para Molly
ficar com Carl. Como um que ama Romeu e
Julieta, mas que sempre torce pelo veneno no fim de tudo. Que ao assistir King-Kong, torce pelo Dinossauro no fim
do filme. Do que adianta chegar a “Terra
do Nunca” e fazer amizade com o Capitão Gancho? Ama “Mogli”, mas sempre torce pelo tigre Shere Kan!
Em um outro lugar, falando
ainda sobre a necessidade de se viver uma vida ressurreta, Paulo diz: “... Desperta, ó
tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará! ” (Ef 4. 14). Paulo afirma que Cristo não tem direção para quem fez do caixão
um lugar de descanso e conforto. Carnalidade é a crença de que Cristo não é
suficiente em solução para os meus problemas e nem consegue ser o centro do que
me dá prazer. Mentira é a crença de que o mal tem suas vantagens e
benefícios. Acepção
de pessoas
é a crença de que Deus não me é suficiente e que pessoas selecionadas podem
corrigir isso (acepção
em sua melhor definição significa beneficiar as pessoas por não ser apenas
gente). Inimizade é a
crença de que o diferente e exótico não gera valor por aproximação, o que
contrária severamente o versículo de ouro da Bíblia, que é João 3: 16. Resumindo esse corolário,
assim fica: carnalidade é pecado contra si próprio. Mentira é pecado contra
Deus; acepção é pecado contra o próximo e inimizade são as 3 coisas anteriores acontecendo em
plenitude e sintonia.
Então, drasticamente
saindo do que não devemos ignorar, Paulo entra no que todos devemos fazer, e
começa pelo que é mais importante para si mesmo, para os outros e para Deus: Perdão.
Mas antes...
ENTENDENDO
O QUE PAULO ENTENDIA SOBRE A VIDA DE CRISTO.
Jesus no Evangelho de João
apresenta sua missão sem dificuldades de compreensão.
Ele usa apenas um reforço na linguagem quando afirma: “Vim para que tenham vida
e a tenham em abundância” (Jo 10. 10). Mas ninguém entendeu essa vida melhor
que Paulo. É ele, que por meio de sua doutrina destrói as ilusões que impedem o sucesso da
vida cristã. Paulo vai ampliar para nosso entendimento o que diz
respeito ao que Cristo realizou
na Cruz. Não por acaso a teologia tratar Colossenses e Efésios como epístolas irmãs. E em Efésios que sua
compreensão aparece em plenitude (2. 4- 6). Primeiro ele vai apontar as duas
soluções que Deus, em Cristo, nos deu para resolver, em Sua misericórdia, o
problema da morte. A VIDA resolve o problema da morte como
morte. Morte é o estado em que nada sabemos e que nada nos interessa, no que
diz respeito a Deus e Seus planos. A Ressurreição resolve o problema da escravidão e da condenação. Escravidão é o não ser dono do resolver
de suas necessidades. É a pessoa que é privada de tocar o seu próprio destino,
de cuidar de sua própria vida segundo os seus interesses. Resolve o problema da
condenação, por que, além de escravos, éramos escravos maus. Agora livres, não
precisamos mais ir onde não queremos e nem fazer o que não devemos. Por isso,
todo o que se faz escravo do pecado já está em si mesmo condenado! (Jo 8. 34-
36).
Vida
é consciência, Ressurreição é ação.
Vida é eu saber o que é amor, Ressurreição sou eu praticando caridade. Vida sou
eu sabendo o que é perdão. Ressurreição sou eu perdoando outros e a mim mesmo. Uma coisa é saber para o que as pernas servem e outra é andar. Ressurreição é o poder para agir e crer, e por conta
disso, assim Jesus se define para Maria: “Eu sou a Ressurreição e a Vida”. Ver
Lázaro ressuscitar, para Maria foi como descobrir para que serve asas em um
pássaro que ela viu numa gravura qualquer. Marta ainda estava morta, Maria
tinha vida (consciência) e Lázaro tinha a ressurreição. E Paulo, melhor que qualquer
outro, entendeu o valor disso tudo para a cristandade. Podemos dizer diante
disso, que a Ressurreição, assim como Paulo nos apresenta, é a ‘coquelux’ da cristandade.
DOUTRINA.
A RIQUEZA DE UMA COMUNIDADE.
Nada faz uma comunidade
ser mais rica diante de Deus, que o domínio
das doutrinas básicas. Antes desse tema, Paulo diz que a solução para o erro é
a ministração da verdade. Mas que para os “erráticos” a solução é a distância
(Tt 3. 10). A maior riqueza de uma igreja não são seus prédios, e anexos ou
terrenos. Mas sim, a posse de um entendimento perfeito sobre o que Deus exige
dela. E nada é mais precioso para a igreja do que saber fazer funcionar o
PERDÃO [quero dizer, todas as
doutrinas fundamentais]. E é Paulo, que vai nos explicar as 3 etapas que definem um PERDÃO PERFEITO.
1.
CONSCIÊNCIA
ÍNTIMA. – O homem é naturalmente miserável quando precisa dirigir suas ações a
terceiros. Justificamos a nós mesmos com facilidade. Mas essa facilidade nem
sempre está presente quando alguém, mesmo que levemente nos fere ou contraria.
Para perdoar alguém é preciso TURBINAR nossas intenções. No v. 12 Paulo vai nos oferecer um “naco” de 5 características que
vão potencializar nossas intenções! Essas
características não são invencionices de homem, nem coisas fabricadas por mãos
humanas e tão pouco artificiais. No v. 1
Paulo afirma que elas são o legado de uma vida ressurreta.
Por causa da vida que recebemos de Cristo, somos agora capazes de surpreender
em graça (do grego ‘charizomai’,
fazer algo agradável, mostrar-se generoso). São 5 características
aqui, para substituir as 5 características de lá, que inutilizavam a nossa velha
existência (v. 5).
Vale lembrar que o Novo Nascimento produz 3 ações na vida do
homem: Impositiva (instantânea), Gradual e Opcional. Primeiro a vida de Deus, por Cristo, entra em nosso
espírito sem condicionais (Ef 2. 5). Depois, de posse de uma nova vida no
espírito, vamos reensinando a alma a
ter outros valores (Rm 12. 2). E por último, de posse de um novo espírito e de
novos valores, abandonamos a carne que outrora gerenciava todo o nosso estilo
de vida! (Ef 2. 2, 3).
2.
AGIR.
– Sentimentos de nada valem sem ação! Formou consciência? Agora faça! O
Cristianismo é uma doutrina de virtudes (isso é, ações
que não acontecem por acidente) e não de teorias. No v. 13 Paulo vai listar duas características de uma consciência bem
formada:
a) Suportar (do grego
‘anechomai’, sustentar,
erguer peso),
significa EU exercendo um conjunto de atitudes para evitar ser pego pelas
OFENSAS (ações) e MÁGOAS (registros dessas ações). Costumo afirmar que aprendi
a estar na igreja sempre de “guarda alta” (Pv 16. 32). A gente nunca sabe
quando alguém sai de casa de mau humor ou num mau dia. É disso que falava os
antigos quando afirmavam: “Prevenir é sempre melhor que remediar!”
b) Perdoar, significa me libertar completamente
das OFENSAS que não consegui evitar, do sofrido! Algumas vezes, toda a
prudência do mundo não resolve. E a gente acaba por se ofender e machucar com
alguém. É inevitável! Faz parte de
ser humano. Por isso, perdoar vem depois de ‘suportar’. Suportar é a prática,
perdoar é quando se faz necessário. Hoje, muitos querem ser bons em perdoar,
sem sequer ter experiência em suportar. Especialistas em exceção, amadores no
cotidiano! Jesus por 3 anos suportou Pedro, e quando preciso, facilmente lhe
perdoou. E é assim que funciona nas igrejas de Deus (Mac 16. 7).
3. OFERECER GARANTIA E
QUALIDADE AO QUE FOI OFERTADO! O AMOR é a cereja do bolo! Ela é racional como o culto que Deus exige. Só o AMOR mantém o
benefício do perdão liberado. O amor vem tratar aqui da 6ª. característica
inserida na velha vida: a mentira (v.
9). Amor é aqui, honestidade. Sem a
qual as outras virtudes vocacionais não funcionam, acontecem
ou produzem efeito. O amor mantém os relacionamentos sem hipocrisia, isso é,
sem máscaras. A verdade é uma doutrina, mas o amor é o seu acontecimento. Em Efésios Paulo vai dizer que é assim que
a igreja triunfa, aprendendo verdades que faz acontecer com sua vida: “... seguindo a verdade
em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.
(4. 15). Aquele que é verdadeiro para com Deus, para consigo mesmo e para
com o seu próximo, vai se esforçar para que sua doutrina pessoal seja uma
realidade. Não é um chamado para consciência, é um chamado para a ação. Isso é,
praticar de modo intencional algo que se crê como verdade. O que já entendemos
antes, ser a melhor definição de virtude.
Quando possuímos um
entendimento correto do que ser e fazer. Fazer e Ser o que Deus deseja de nós
nunca vai custar mais caro do que aquilo que precisando ser feito, deixa de ser
realizado.
Meu 1o. Livro. |
Ney Gomes é o autor desse BLOG .
um
trabalho de 12 anos, com mais de 790
textos publicados.
livro publicado pela editora Reflexão em 2017.
22/10/2017 –
Twitter@neygms
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10
"Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo." 1 Timóteo 4.10
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